Vacina contra câncer de mama tem resultados promissores

Um artigo publicado na revista JAMA Oncology mostrou que uma vacina experimental contra o câncer de mama gerou uma forte resposta imunológica à proteína-chave do tumor. Os resultados sugerem que a vacina pode ser capaz de tratar diferentes tipos de câncer de mama. Esses resultados, embora promissores e muito animadores, são ainda preliminares, a vacina ainda precisa ser avaliada em um ensaio clínico randomizado amplo antes de ter seu uso liberado. O estudo publicado avaliou a segurança da vacina contra uma proteína chamada receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2).

A HER2 é encontrada na superfície de muitas células, mas, em até 30% dos cânceres de mama, a proteína é super produzida em até cem vezes a quantidade observada em células normais. Esses cânceres “HER2-positivos” tendem a ser mais agressivos e mais propensos a recorrer após o tratamento. Por outro lado, a superprodução de HER2 também desencadeia uma reação imunológica que pode ser benéfica. Especificamente, alguns pacientes com câncer de mama HER2-positivo que mostram um certo tipo de resposta imunológica são menos propensos a ver seu câncer se repetir após o tratamento e têm sobrevida mais longa do que outros pacientes. Para estimular esse tipo de resposta do organismo, a vacina de DNA, uma vez injetada, é absorvida pelas células no local da injeção, que por sua vez começam a produzir a proteína codificada nas instruções da vacina. As células então apresentam a proteína ao sistema imunológico, um processo com maior probabilidade de gerar uma resposta imune forte.

Sessenta e seis mulheres que tiveram câncer em metástase foram incluídas no estudo, todas completaram um curso padrão de terapia e alcançaram remissão completa ou apenas tinham tumor remanescente em seu osso, que tende a crescer lentamente. As participantes foram acompanhadas por até 13 anos, para garantir que a vacinação não desencadeasse, ao longo do tempo, uma resposta autoimune contra outros tecidos saudáveis com HER2. Os resultados mostraram que a vacina é muito segura, os efeitos colaterais mais comuns foram: vermelhidão e inchaço no local da injeção, febre, calafrios e sintomas semelhantes aos da gripe. A vacina estimulou com sucesso a resposta imune desejada sem desencadear efeitos colaterais graves.

Fonte: Disis MLN, et al., Safety and Outcomes of a Plasmid DNA Vaccine Encoding the ERBB2 Intracellular Domain in Patients With Advanced-Stage ERBB2-Positive Breast Cancer: A Phase 1 Nonrandomized Clinical Trial. JAMA Oncol. 2022 Nov 3. doi: 10.1001/jamaoncol.2022.5143. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36326756/

Dra. Lizanka Marinheiro, Md, PhD. Médica endocrinologista, pesquisadora e professora dos programas de pós-graduação do IFF/FIOCRUZ