Tipo de artigo: META-ANÁLISE
Artigo de Ryan Blanchard, for Excerpta Medica
J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2012;51:86-97.e8.
PMID 22176942
Quem de vocês já não ouviu falar, ou mesmo não teve um filho ou amiguinho de filho da escola com um diagnóstico de Transtorno do deficit de atenção/hiperatividade?
Muitas vezes, este diagnóstico é dado equivocadamente, ou até mesmo errado, fazendo com que o uso inadequado de medicamentos em crianças e adolecentes seja abusivo e desnecessário; outras vezes corretamente, o tratamento medicamentoso e psicoterápico se faz mister.
Esta sÍndrome muito comum e muito estudada na atualidade pelo seu impacto nos problemas acadêmicos e emocionais que pode levar, também está associada ao tipo de dieta que as crianças consomem, que por sua vez, tem influência com a alimentação dos pais, e ao tipo de alimentação que é oferecida nas escolas. Outra vez, e mais uma vez, estamos aqui falando importância de uma boa alimentação em casa e nas escolas com fator de prevenção e boa saúde. Na vida adulta, uma das coisas mais difíceis de alcançarmos como médicos, é que nossos pacientes tenham uma aderência aos diversos tratamentos por nós propostos; sejam eles medicamentosos, e o que diz respeito a MUDANÇA DE HÁBITOS! E isso, sem dúvida, começa na infância
Escolhemos desta vez, comentar um estudo recentemente publicado, tipo META-ANÁLISE, um tipo de estudo que analisa várias outras publicações indexadas em periódicos de alto impacto, ou seja em revistas considerada de grande importância no meio acadêmico, que comenta o papel dos aditivos químicos na dieta e sua relação com o TDAH.
Este estudo foi publicado em abril de 2012 no respeitado Jornal da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e Adolescente (J Am Acad Child Adolesc Psychiatry ).
Embora inconclusivo, notamos uma tendência à relação entre o excesso de corantes nos alimentos e o mesmo.
Os aditivos dos alimentos desempenham um papel significativo?
Introdução
O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome do desenvolvimento comum que aumenta o risco de vários problemas acadêmicos e emocionais. Embora sua causa seja provavelmente multifatorial, vários fatores de dieta têm sido suspeitos, incluindo hipersensibilidade a certos alimentos ou corantes alimentares sintéticos. Pela falta de consenso sobre os efeitos da dieta no TDAH, foi feita uma meta-análise quantitativa das medidas dos efeitos.
Conduziu-se uma pesquisa de literatura ao longo de fevereiro de 2011;
10 estudos atingiram os critérios de inclusão para restrição de dieta e 24 para os efeitos dos corantes alimentares.
As dietas de restrição reduziram significativamente os sintomas do TDAH (p = 0,014).
Para os corantes alimentares, foram observados uma proporção significativa de efeitos nos relatos dos pais (p = 0,0007), mas o efeito diminuiu após o ajuste para possível tendenciosidade de publicação (p < 0,05).
Os relatos dos professores/observadores não mostraram nenhum efeito significativo para os corantes alimentares, mas estudos de alta qualidade restritos a aditivos de cor mostraram um efeito significativo (p = 0,03).
Os testes psicométricos de atenção mostraram um efeito significativo para os corantes alimentares (p = 0,007).
EM SUMA, O ESTUDO CONCLUI QUE:
“Aproximadamente 33% das crianças com TDAH podem responder a uma intervenção de dieta”. “Embora até 8% possam ter sintomas relacionados a corantes alimentares, a fonte da maior parte dessa resposta à dieta permanece pouco clara. Mais investigações devem ser feitas sobre o assunto para que conclusões mais sólidas sejam elucidadas entre dieta e TDAH.
Nigg JT, Lewis K, Edinger T, et al. Meta-analysis of attention-deficit/hyperactivity disorder or attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms, restriction diet, and synthetic food color additives. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2012;51:86-97.e8.
Lizanka Marinheiro
Prof. Dra. Pós-Graduação Saúde da Mulher e da Criança
Instituto Fernandes Figueira -FIOCRUZ