Transtorno Alimentar: como identificar comportamentos de risco?

O assunto “transtorno alimentar” tem sido bastante comentado nas redes sociais, nas últimas semanas, isso porque o público está reagindo aos comportamentos alimentares inusitados de alguns participantes do principal reality show do país, no ar atualmente. Apesar de ser impossível realizar um diagnóstico sem uma avaliação cuidadosa, realizada por profissionais especializados, os comportamentos observados podem servir de alerta para quem acompanha ou não o programa. Primeiro é importante ressaltar o que é um transtorno alimentar, segundo especialistas, é qualquer hábito ligado à alimentação que traga prejuízos físicos ou psíquicos ao indivíduo. Alguns sinais podem ajudar a identificar que uma pessoa tem uma relação transtornada com a comida:

1- pensamentos obsessivos com a comida;

2- pensamentos obsessivos com o próprio corpo e peso;

3- sentimento de culpa ou arrependimento após uma refeição;

4- constantemente negociar compensações (ex: posso comer mais bolo se depois “me matar” na academia);

5- medo de se alimentar;

6- sensação de perda do controle ao comer;

7- atribuir significado moral à comida, separando alimentos em “bons” ou “maus”;

8- atribuir o próprio valor a partir do que come (se como salada sou dedicado e persistente, se como doce sou desleixado e fracassei).

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É importante ressaltar ainda que os familiares devem ficar atentos a alterações muito acentuadas no comportamento alimentar, principalmente de pessoas mais jovens, comportamento muito restritivos com eventuais descontroles podem ser sintomas de um estágio inicial de transtorno.

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Há um consenso entre especialistas em transtornos alimentares de que dietas restritivas podem servir como gatilho para um transtorno alimentar, principalmente para quem tem predisposição, no caso da anorexia, por exemplo, é o principal gatilho. Para a maioria das pessoas, existe um limite até onde conseguem levar uma dieta restritiva, mas para pessoas com anorexia esse limite fisiológico se perde.

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É bem verdade que não é só o fato de fazer uma dieta que faz alguém desenvolver um transtorno, mas, geralmente, todo transtorno começou numa dieta, numa restrição. Mesmo o jejum intermitente é considerado por especialistas como um tipo de dieta restritiva, claro que algumas pessoas vão conseguir emagrecer com esse tipo de jejum, mas ele não tem se mostrado mais eficaz que outras estratégias nutricionais nas pesquisas mais recentes sobre o assunto.

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Pelo contrário, qualquer estilo de dieta restritiva pode desencadear episódios de compulsão alimentar, estudos demonstram que a restrição dispara um mecanismo de compensação, o nosso corpo não compreende que é uma dieta, que é intencional, então quando o período restritivo termina o nosso organismo trabalha para gerar um desejo de se alimentar muito grande, de forma a repor e compensar o que não foi consumido, é aí que a compulsão se manifesta. Mesmo que não seja um TCA (Transtorno Compulsivo Alimentar) de fato, a forma patológica, mas um episódio de comportamento compulsivo, o descontrole. Para diferenciar um TCA de episódios de descontrole é necessária a avaliação por um especialista.

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Dra. Lizanka Marinheiro, PhD – Endocrinologista – Instituto Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ)

Vanessa Soares – Psicóloga – aluna de mestrado acadêmico no IFF/FIOCRUZ

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Fontes:

Atividade física e exercício no DM1

https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/02/03/bbb-22-motiva-debate-sobre-alimentacao-entenda-o-que-sao-os-transtornos-alimentares-e-como-lidar.ghtml?utm_source=push&utm_medium=app&utm_campaign=pushg1