A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição gine-endócrina que afeta 7 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, sendo a principal causa de infertilidade nestas devido à anovulação.
Estima-se que a infertilidade seja encontrada em 70 a 80% das mulheres afetadas, porém seu diagnóstico definitivo só deve ser dado após exclusão de outras etiologias de infertilidade. Além de pode ocasionar a infertilidade, a SOP também aumenta o risco de doenças como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 em mulheres com esse distúrbio.
A origem da SOP é complexa, envolvendo fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, e permanece obscura. Ela é definida pela presença de pelo menos dois dos critérios de Rotterdam: oligoanovulação, hiperandrogenismo clínico ou biológico e síndrome micropolicística.
Como tratar a infertilidade na SOP?
Tratamento não farmacológico
A modificação do estilo de vida é considerado o tratamento de primeira linha mais eficaz. Vários estudos demonstraram que uma perda de peso de 5 a 10% em mulheres com sobrepeso e obesas pode ser suficiente para restaurar a menstruação e a ovulação regular e com isso, melhora a taxa de gravidez.
Assim, a adoção da prática regular de exercício físico, somada a mudanças alimentares, controle do estresse e eliminação do uso de cigarros e outras drogas, são a forma mais efetiva de melhorar a fertilidade em mulheres com SOP.
Tratamento farmacológico
Com relação às medidas farmacológicas, o citrato de clomifeno (CC) é o medicamento de primeira linha para indução da ovulação em mulheres com SOP que sofrem de infertilidade. E o letrozol é um tratamento de segunda linha para mulheres que apresentam resistência ou falha no CC sem outro fator de infertilidade.
Outras opções terapêuticas
Outras opções terapêuticas de segunda linha são a terapia com gonadotrofinas associada à relação sexual programada e a perfuração ovariana laparoscópica ou transvaginal.
Quando as opções de tratamento de segunda linha falham, terapias mais complexas devem ser propostas, principalmente a fertilização in vitro (FIV) e, mais recentemente, a maturação in vitro (MIV).
Novo tratamento
Uma nova abordagem terapêutica recentemente investigada é o inositol. Estudos verificaram que o mioinositol regula a captação de glicose e a sinalização de FSH nos ovários. Assim, a terapia com mio-inositol em mulheres com SOP induziu uma melhor taxa de fertilização e melhor qualidade embrionária.
Como os tratamentos atuais não podem curar a SOP, a administração ao longo da vida ainda é o método principal de tratamento. E cada condição de infertilidade deve ser analisada de forma individual a partir da história pessoal e clínica, exames físicos e ginecológico completo, a fim de se construir um plano de tratamento adequado para aquela determinada paciente.
Referência:
Collée J, Mawet M, Tebache L, Nisolle M, Brichant G. Polycystic ovarian syndrome and infertility: overview and insights of the putative treatments. Gynecol Endocrinol. 2021 Oct;37(10):869-874. doi: 10.1080/09513590.2021.1958310. Epub 2021 Aug 2. PMID: 34338572.
Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md
Professora das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher
Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina
Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ