Sono e envelhecimento: a insônia durante a menopausa

     Os organismos dos seres vivos apresentam ciclos biológicos que permitem o controle e manutenção de funções vitais como o sono e o apetite. Um desses ciclos é o chamado ciclo circadiano  (que significa cerca de um dia), o qual regula nossos comportamentos de sono e vigília, ou seja, de dormir e acordar.

     Os seres humanos passam por dois tipos de sono distintos: o sono NREM e o sono REM.  Cada uma dessas fases é marcada por diferentes padrões de ondas cerebrais medidas através de exames de eletroencefalograma. 

     O sono NREM é marcado por ondas cerebrais lentas, regulares e sincronizadas e divide-se em quatro estágios, que vão do mais leve ao mais profundo do sono. Já o sono REM é chamado de sono paradoxal, pois diferente do sono NREM, ele apresenta ondas cerebrais iguais às do estado de vigília: rápidas, frenéticas e dessincronizadas.

      A duração de cada estágio de sono varia de forma normal ao longo da vida. Assim, ao nascermos, a quantidade de sono REM é maior do que de sono NREM, mas à medida que crescemos isso se inverte. Até que na fase adulta o sono REM se mantém estável e o sono NREM profundo sofre um declínio. Isso acontece, por conta de um padrão de  deterioração da estrutura cerebral que ocorre à medida que envelhecemos, como consequência, a eficácia do sono é reduzida. 

    Dessa forma, o idoso tende a apresentar uma fragmentação do sono, ou seja, quanto mais velho, mas frequentemente acorda durante a noite, além da intensidade do ritmo circadiano e a quantidade de melatonina liberada diminuírem com o passar da idade, por isso, tendem a dormir e acordar mais cedo. 

    Essa alteração na quantidade e qualidade do sono em idosos é um fator que contribui para: enfermidades cognitivas e médicas em idosos, principalmente, quando falamos em envelhecimento feminino, visto que, durante o período da menopausa muitas mulheres apresentam mudanças psicológicas e biológicas intensas e as dificuldades do sono aparecem como uma das principais queixas, sendo a insônia a desregulação mais comum.

     Contudo a etiologia da insônia durante o climatério é atravessada por diversos fatores físicos, psicológicos e socioemocionais, de modo que para um diagnóstico e tratamentos mais preciso e eficaz é necessário o atendimento individualizado.

Referência: 

Walker, M. (2018).Por que nós dormimos: A nova ciência do sono e do sonho In: M, Walker, Mudanças no sono ao longo da vida (M.L.Borges, Trad). Rio de Janeiro:Intrínseca. 

Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md

Professora  das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher

Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina

Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ