Saúde mental – questão de saúde pública.

10 de outubro marcou o Dia Mundial da Saúde Mental.

 

Uma campanha desenvolvida pela OMS, Unidos pela Saúde Mental Global e pela Federação Mundial de Saúde Mental, reconheceu que o investimento em saúde mental não correspondeu à crescente conscientização global sobre a escala do problema nos últimos anos.  Estima-se que quase 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem de um transtorno mental. A produtividade perdida como resultado de dois dos transtornos mentais mais comuns, ansiedade e depressão, custa à economia global US $ 1 trilhão por ano.  Estima-se um aumento para US $ 6 trilhões em 2030.

Apesar dos avanços na pesquisa, a demonstração da eficácia clínica e de custo das intervenções farmacológicas e psicossociais para prevenir e tratar transtornos mentais comuns, a entrega em escala de benefícios têm sido lenta. Os custos envolvidos na atenção à saúde mental são muitos e  envolvem serviços sociais, atenção primária, secundária e terciária. Além dos custos diretos de intervenção, as despesas devem cobrir instalações, pessoal, administração, gestão, treinamento, supervisão, defesa e atividades de extensão. A diversidade de serviços e prestadores desses cuidados pode complicar as estimativas dos gastos nacionais com a mesma.

Segundo o Atlas de Saúde Mental da OMS em 2017, em média, os gastos dos países com saúde mental representavam menos de 2% dos orçamentos do governo para a saúde. Os cuidados e o tratamento para transtornos mentais graves não estão incluídos no seguro saúde nacional ou esquemas de reembolso em 27% dos 169 países envolvidos. Além disso, 17%  disseram que os usuários dos serviços pagam as despesas do próprio bolso. 

Um documento  publicado no The Lancet Psychiatry em julho afirmou que, embora o custo psicológico em decorrência da COVID-19 já seja aparente e visível, os maiores efeitos serão vistos a longo prazo,e mais cedo ou mais tarde, os sistemas de saúde enfrentarão uma demanda generalizada para atender a essas necessidades. De fato, as organizações internacionais pedirão a inclusão da saúde mental e do apoio psicossocial na resposta ao COVID-19. 

A pandemia atual está trazendo a tona a necessidade  da importância da saúde mental na lista de prioridades globais de saúde. Enquanto os países lutam para reconstruir suas economias prejudicadas, eles devem aceitar a realidade de investimentos financeiros e de medidas globais que venham impactar com melhor efetividade também nos  problemas envolvendo a saúde mental. 

The Lancet Global Health. Mental health matters. VOLUME 8, ISSUE 11, E1352, NOVEMBER 01, 2020. Published: November, 2020. DOI:https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30432-0