A resiliência é um conceito teórico da psicologia positiva, diz respeito à capacidade que um indivíduo tem de enfrentar situações adversas, e adaptar-se positivamente a estas, a partir de um conjunto de atitudes competentes no enfrentamento destas adversidades. O fator “resiliência” é considerado um desafio para os psicólogos. Não há consenso sobre o que determina o nível de resiliência de cada indivíduo, nem sobre o melhor método de avaliação deste índice. Alguns autores apontam a resiliência como traço de personalidade manifestado desde a infância, existem crianças que apresentam comportamento positivo, embora vivam realidades muito adversas. Esse traço tornaria alguns indivíduos, naturalmente, menos vulneráveis aos fatores ambientais estressantes, essas pessoas tenderiam a apresentar um ‘lócus de controle’ interno, ou seja, acreditam que os resultados positivos de suas ações são devidos às suas próprias competências e esforços. Há estudos que defendem a resiliência como capacidade desenvolvida através das experiências da vida, um indivíduo que precisou se adaptar às adversidades, consequentemente, se tornaria mais apto a se adaptar positivamente em adversidades futuras.
De acordo com pesquisas, a manutenção da resiliência é responsável por uma boa saúde mental, pois o baixo nível de resiliência estaria intimamente ligado à desregulação dos neurotransmissores relacionados a patologias como a depressão e a ansiedade, por exemplo. A identificação do nível de resiliência pode proporcionar o desenvolvimento de estratégias de prevenção em saúde mental e promoção da saúde e do bem estar. A resiliência pode ser considerada um conjunto de habilidades que podem ser ensinadas, uma vez que, o controle e a internalização das emoções passa pela cognição, a forma como o indivíduo interpreta as situações e os pensamentos que elabora a partir delas teriam o efeito de aumentar ou diminuir a resiliência.
Estudos apontam indícios da existência de uma “janela de vulnerabilidade” para a depressão durante a transição menopáusica, onde se observa um aumento na intensidade dos sintomas depressivos, ainda que não haja uma evidência clara que associe a menopausa ao transtorno depressivo. Estudos também demonstram a ansiedade e o estresse como altamente frequentes em mulheres no climatério. Essa “janela de vulnerabilidade” se daria em função das mudanças hormonais que surgem a partir do encerramento do ciclo reprodutivo e produzem efeitos no sistema nervoso central, esses efeitos são frequentemente percebidos como sintomas da menopausa: irritabilidade, insônia, humor depressivo, desinteresse sexual, etc. A vulnerabilidade neuropsíquica, causada pelas alterações hormonais, é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão e outros transtornos mentais, por outro lado, um bom nível de resiliência pode representar um fator de proteção e diminuir essa vulnerabilidade. Desta forma, o acompanhamento e a avaliação psicológica são condições essenciais para a promoção da saúde mental das mulheres que enfrentam este processo potencialmente delicado.
Autora: Vanessa Soares. Aluna de Mestrado Acadêmico pelo Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ.
Orientadora: Professora Dra. Lizanka Marinheiro.