Por mais direito e respeito à vida: parabéns à todas as mulheres!

 

O que publicar no dia Internacional da Mulher?

Pensei e seria difícil escolher diante tantos temas ligados a saúde da mesma, num site que há 2 anos se propõe de alguma forma a contribuir com a saúde da  mesma.

Pensando numa coisa nunca antes abordada aqui, e até por trabalhar há 26 anos em uma instituição de referência em saúde materno- infantil, o Instituto Nacional de Saúde da Criança , Mulher e Adolescente, INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA – FIOCRUZ, resolvi falar algo recentemente publicado pela ONU, sobre mortalidade materna.

Talvez muitos de vocês não atentem o quanto ainda morrem hoje em dia no mundo, mulheres de parto!

Em relatório publicado em 14 de janeiro de 2014, contendo os objetivos para melhorar a saúde materna, rumo aos objetivos  de desenvolvimento do milênio , Lakshmi Puri ( Vice-diretor executivo da ONU para igualdade de gênero e enrequecimento das mulheres), observou que apesar de ter havido um progresso significativo em algumas metas como saneamento básico e ensino fundamental, áreas como mortalidade materna estão longe de serem atingidas.

Moradores dos grandes centros e de classes sociais mais favorecidas, talvez nem realizem o quanto morem mulheres hoje em dia de parto, em pequenas cidades do Brasil, a exemplo de lugares como África do Sul, onde a taxa de mortalidade materna é de 300 mortes por 100.000 nascidos vivos em 2010( ano mais recente onde existem todos disponíveis da OMS.

Esta taxa confirma a impossibilidade de países como a África do Sul por exemplo, atingir as metas de desenvolvimento do milênio, que visam reduzir a mortalidade materna em três quartos entre 1990 e 2015!

A taxa de mortalidade em 1990 foi de 230 por cada 100.000 nascidos vivos, de forma que para 2015 se espera que esta taxa seja de 58 por 100.000.

No entanto, o que ocorreu foi um aumento desta taxa a partir de 1990 para mais de 400 por 100.000 nascidos vivos, apesar de ter havido uma redução em 2005, mais o objetivo final a ser alcançado em 2015, parece que não será atingido.

O motivo é simplesmente a falta de interesse e compromisso dos governos em assumirem políticas públicas que fortaleçam e apõem as mulheres na gravidez.

Países como Tunísia, Egito, Marrocos Ruanda e Etiópia,  apresentam melhores dados, pois essas taxas de mortalidade materna foram reduzidas em 50%!

No Egito, por exemplo, o Fundo de População da Nações Unidas (UNFPA), e o Ministério da Saúde, começaram um programa inovador de treinamento para aumentar o número de enfermeiras obstetras.

A elas são dados  um tipo alternativo de transporte chamado de “Tuk-Tuk”, ( um veículo de 3 rodas), como forma de viabilizar a chegada mais rápida das mesmas à mãe gestante, principalmente em zonas rurais carentes de estradas, como mostramos num vídeo a seguir.

Se pensarmos em termos de Brasil, país de grandes dimensões geográficas, e enormes diferenças sociais, onde a taxa de mortalidade materna ainda é alta, medidas como essas e outras, poderiam ser tomadas como forma de reduzir estas taxas, e assim fazer com que o respeito à mulher, em toda sua completude e direito, fosse dado, em uma época tão especial como o período de gravidez!

Que o direito de procriar, gestar e parir, sejam respeitados por todos, e principalmente pelos governos do mundo inteiro, favorecendo à todos, indiscriminadamente!

Parabéns à todas as mulheres do mundo!!!

 

Vídeo mostando o trabalho das enfermeiras obstetras no Egito no site do  UNFPA’s: http://video.unfpa.org/video/43961384001-1894881632001-The-Tuk-Tuk-Nurse-Midwife-Reducing-Maternal-Mortality-in-Upper-Egypt.

 

 

Lizanka Marinheiro

Chefe do setor de endocrinologia do Instituto Fernandes Figueira- FIOCRUZ