Recebo diariamente pacientes com dor no meu serviço ou consultório com dor na coluna, nos ossos, nas “juntas”, dizendo que estão com osteoporose. Tento explicar que osteoporose não doi, a não ser em caso de fraturas, e principalmente de vérterbras. Vejamos uma pouco hoje, dessa doença incapacitante, global, de alta mortalidade e que pode piorar consideravelmente a qualidade de vida de quem a tem.
A osteoporose é uma doença global e extremamente prevalente, que pode acometer homens e mulheres principalmente após os 50 anos de idade. Além das fraturas, que podem ser graves e incapacitantes, a osteoporose também aumenta a mortalidade.
Trata-se de uma doença silenciosa e que raramente apresenta sintomas e a dor pode acontecer em consequência de uma fratura que, muitas vezes, ocorre espontaneamente, isto é, sem história de um trauma prévio. Essas fraturas podem ocorrer no fêmur, coluna vertebral e punho. Não raro as fraturas espontâneas podem ocorrer nas vértebras, levando a um achatamento das mesmas levando a um encurvamento da coluna e diminuição da altura do paciente.
São fatores de risco para osteoporose o uso prolongado de corticoides, o tabagismo , o sedentarismo, fatores genéticos, alimentação pobre em cálcio, menopausa precoce, certas doenças como anorexia entre outros, mas a maior causa ainda é a baixa de estrogênio que vem com a menopausa.
A prevenção começa na infância com uma boa alimentação e um bom aporte de cálcio, e isto aliado a prática regular de exercícios físicos, e uma dieta equilibrada, exposição ao sol pelo menos 3 vezes por semana por pelo menos 15 minutos, ajudam muito na prevenção.
DIAGNÓSTICO
O exame padrão ouro para o diagnóstico da osteoporose é feito através do exame de Densitometria Óssea. Em geral a moiria dos médicos solicitam a primeira densitometria óssea da mulher, a realização desse exame está indicada nos seguintes casos específicos segundo os “guide-lines”, entre outras:
-Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos e homens com idade igual ou superior a 70 anos, independentemente da presença de fatores de risco;
-Mulheres na pós-menopausa e homens com idade entre 50 e 69 anos com fatores de risco para fratura;
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento é de prevenir a perda óssea já existente e a redução do risco de fraturas. O tratamento divide-se em farmacológico e não farmacológico.
NÃO FARMACOLÓGICO
1.Atividade física regular: a força que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de preservar e até aumentar a densidade mineral óssea e também porque a atividade física regular pode ajudar a prevenir as quedas que ocorrem devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de resistência.
2.Prevenção de quedas: medidas para a prevenção de quedas devem ser adotadas, principalmente nos pacientes mais idosos. Essas medidas devem incluir:
– Evitar deixar objetos no chão (fios, objetos, tapetes soltos);
– Evitar o uso de sapatos com solado liso ou soltos; não andar em locais escuros e com chão molhado;
– Utilizar corrimão;
– Não guardar objetos em prateleiras altas;
– Colocar banco de plástico dentro do boxe para,
de preferência tomar banho sentado;
-Instalar piso antiderrapante na cozinha e no banheiro.
– Colocar corrimão e barras de apoio próximos à cama, ao vaso sanitário e dentro do boxe do banheiro.
– Quando acordar à noite, esperar antes de levantar para ir ao banheiro ou tomar água, principalmente se estiver usando remédio que provoque tontura.
– Ir ao oftalmologista e otorrino par avaliar a capacidade auditiva e visual distúrbios visuais e auditivos
3.Suspender tabagismo e evitar consumo excessivo de álcool
4.Manter consumo de cálcio: recomenda-se uma ingestão equivalente a pelo menos 1200mg/d de cálcio que deveria, idealmente, ser adquirido através da dieta, mas é muito difícil no dia a dia isto ser mensurado pelos nossos pacientes, logo o cálcio deve ser suplementado.
- Suplementação de vitamina D: a vitamina D influencia não só a absorção do cálcio e a saúde óssea como também o desempenho muscular, equilíbrio e risco de queda. Recomenda-se a ingestão diária de 800-1.000 UI de vitamina D para adultos com 50 anos ou mais. A nossa principal fonte de vitamina D acaba sendo através da exposição solar. Idealmente deve se expor ao sol por pelo menos 15 minutos com braços e pernas expostos, sem protetor solar, antes das 10 horas ou após as 16 horas, pelo menos 3 vezes por semana salvo se houver contra-indicação dermatológica.
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS
Cálcio e vitamina D devem ter seu níveis mantidos para todos os pacientes.
O tratamento de escolha no tratamento da osteoporose é feito com os bisfosfonados, que são os mais conhecidosem termos de efetividade e segurança a longo prazo, sendo os principais o alendronato de sódio e o risedronato de sódio. Para aqueles pacientes intolerantes as medicações por via oral temos a opção do pamidronato, administrado por via venosa.
Temos os moduladores seletivos do receptor estrogênico (Raloxifeno), PTH recombinante (teriparatida) ou anticorpos monoclonais (Denosumab) são usados menos frequentemente, normalmente quando o paciente não tolera, tem contraindicação ou não responde ao tratamento com bisfosfonados ou em alguns casos de osteoporose grave. A terapia de reposição hormonal (TRH) nas pacientes pós-menopáusicas não está indicada apenas para o tratamento da osteoporose mas, naquelas pacientes que tem indicação de TRH (por sintomas vasomotores – fogachos – por exemplo) o risco de fraturas reduz.
Por fim a osteoporose é uma doença global e extremamente prevalente, que pode acometer homens e mulheres principalmente após os 50 anos de idade. Além das fraturas, que podem ser graves, a osteoporose também aumenta a mortalidade.
Faça sua consulta regular anual e seu médico lhe encaminhará a um endocrinologista para tratar caso você tenha osteoporose.
Lizanka Marinheiro, Md, PhD
Endocrinologista -FIOCRUZ