Durante o percurso da vida todos iremos experimentar momentos difíceis e adversidades, algumas situações são capazes de provocar um estresse, tão significativo, a ponto de nos tornar mais suscetíveis ao aparecimento de sintomas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade, dentre essas situações podemos citar: desemprego, insegurança alimentar, ambiente de trabalho tóxico ou disfuncional, violência urbana etc. Além disso, eventos traumáticos costumam causar impacto psicológico negativo e duradouro, como: luto por um ente amado, acidente que altera a vida, doença grave, exposição a situações de violência extrema como tortura ou guerra. Cada pessoa carrega uma história, e cada evento ou situação afeta pessoas diferentes de maneiras diferentes. Muitos pesquisadores têm se dedicado, nas últimas décadas, a compreender o porquê de algumas pessoas parecerem mais capazes de se adaptar positivamente, ao longo do tempo, às mudanças indesejadas na vida, situações estressantes e eventos traumáticos, enquanto outras se mostram vulneráveis. Para identificar, em pesquisas iniciais da temática, a característica oposta à “vulnerabilidade” foi adotado o termo “resiliência”.
Algumas pesquisas apontaram alguns fatores, ou atributos, da personalidade de indivíduos que se mostraram mais resilientes frente a situações adversas, alguns dos mais frequentes são: aceitação positiva de mudanças, autoconfiança, autoeficácia, autoestima, bom humor, controle emocional, criatividade, empatia, esperança, independência, iniciativa, introspecção, moralidade, otimismo e sociabilidade. Embora os fatores possam tornar alguns indivíduos mais resilientes do que outros, a resiliência não é necessariamente um traço de personalidade que apenas algumas pessoas possuem, pelo contrário, os psicólogos definem a resiliência como um processo contínuo. A evolução das pesquisas sobre o tema vem provando que a resiliência não é um “superpoder” ou uma invulnerabilidade, como costumava-se pensar nos primeiros ensaios, mas sim uma capacidade passível de ser aprendida e desenvolvida.
Partindo dessa premissa, as vantagens de se aprender e desenvolver a resiliência, vão além da capacidade de se recuperar após experiências difíceis, a resiliência também pode proporcionar um crescimento pessoal profundo. O processo de desenvolver a resiliência, muito além de apenas desenvolver os atributos individuais, também implica na interação desses atributos com o ambiente. Comportamentos que estão fortemente associados à capacidade de resiliência, funcionando como recursos externos, são a habilidade de desenvolver relacionamentos sadios e participar de forma ativa da sociedade.
.
Vanessa L. C. Soares – Psicóloga – Mestranda do Programa de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ
Dra. Lizanka Marinheiro, PhD. – Endocrinologista – Professora dos Programas de Pós-graduação do IFF/FIOCRUZ e coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia Feminina no IFF/FIOCRUZ.
.
Fontes: