Quando trabalhamos com questões relacionadas ao corpo, devemos priorizar a saúde. Ao falar em transtornos alimentares, também falamos prioritariamente de uma questão de saúde, que está atrelada, ou assim deve, a qualidade de vida da pessoa. Saúde , neste caso, trata-se do que é sadio e as funções orgânicas, físicas e mentais se encontram em seu estado normal.
Mesmo na constante busca pela saúde e pela qualidade de vida, podem ocorrer excessos que acabam levando ao extremo oposto, ou seja, ao adoecimento.
Onde há excesso não é raro se tratar de uma área problemática. No caso dos transtornos alimentares, a palavra “problema” pode ser definida como sinônimo de excesso. Se na bulimia e na obesidade se come demais e na anorexia se come de menos ou não se come, notamos que o problema segue no “demais”em questão.
Ao compreendermos o alimento como forma de afeto, podemos, por exemplo compreender o isolamento auto-imposto pela anoréxica. Neste caso, a negação ao alimento pode ser vista como também a uma negação ao afeto.
Visto pelo viés contrário, no obeso, ocorre uma tentativa de preencher o vazio com o alimento, com o excesso deste, numa tentativa de aplacar a angustia com este preenchimento.
Em muitas situações, a palavra de ordem hoje é ser normal, homogêneo, de preferencia tendo um modelo a seguir, sem respeitar, a singularidade de cada um. Essa tentativa de tornar tudo igual pode ser pensada na dificuldade que encontramos a lidar com tudo que é diferente, que foge ao padrão vigente.
Na atualidade, o corpo é uma das principais formas encontradas para a expressão dos mais diversos afetos ou a falta destes. Podemos dizer que o alimento é o principal combustível para o funcionamento do corpo e os problemas gerados pelas dificuldades do indivíduo em lidar com a regulação entre alimentação e afeto podem acarretar, em alguns casos, em transtornos alimentares que podem colocar a saúde do indivíduo em risco.
Bettina Kligerman
bettina.kligerman@gmail.com