Musculação na prevenção e tratamento da Osteoporose

Musculação na prevenção e tratamento da Osteoporose

            A Osteoporose é uma doença caracterizada pela perda progressiva de Densidade Mineral Óssea (DMO), muito comum em mulheres caucasianas após a menopausa. Por ser uma doença que não apresenta sinais e sintomas característicos, é considera uma doença silenciosa. É a mais comum das doenças metabólicas do osso, considerada mundialmente um problema de saúde pública que invalida ou incapacita grande número de pessoas, devido ao risco de fraturas associado a doença.

A diminuição da DMO com a idade é um fenômeno fisiológico universal, atingindo todas as raças e culturas, não patológico na maioria dos indivíduos, mas que se constitui no substrato para o desenvolvimento da Osteoporose e, como consequência, um maior risco de fraturas. De fato, a redução da DMO deve ser considerada como um fator independente para o risco de fraturas, além de idade, sexo, raça, entre outros.

O término da aquisição do capital ósseo ocorre por volta da 3ª década e é denominado pico de massa óssea. Obviamente, aqueles que não atingem um adequado pico de massa óssea apresentarão, ao longo da vida, um risco mais elevado de desenvolver Osteoporose. A partir da 4ª década inicia-se lentamente uma perda óssea, com um predomínio da reabsorção óssea sobre a formação. Outros fatores como sexo e pico de massa óssea também determinam a perda óssea.

A maior suscetibilidade à Osteoporose entre as mulheres mais idosas coincide com a menopausa e a acentuada redução na secreção de estradiol, o mais possante estrogênio humano de ocorrência natural. A maneira exata pela qual o estrogênio exerce seu efeito protetor sobre o osso continua sendo desconhecida. A maioria dos homens produz normalmente algum estrogênio na idade avançada – a principal razão pela qual eles exibem uma prevalência relativamente menor de osteoporose. Além disso, parte da testosterona circulante é convertida em estradiol, que também promove um equilíbrio positivo do cálcio nos homens. Os fatores de risco para Osteoporose nos homens incluem os baixos níveis de testosterona, o tabagismo e o uso de medicações esteróides.

A menopausa torna as mulheres altamente suscetíveis à Osteoporose, pois os ovários liberam pouco ou nenhum estrogênio. O músculo, o tecido adiposo e os tecidos conjuntivos continuam produzindo estrogênio, mas em quantidade limitada. Nessa fase a queda dramática da produção de estrogênio coincide com a absorção intestinal reduzida de cálcio, a menor produção de calcitonina (hormônio que dificulta a reabsorção óssea) e a maior reabsorção óssea à medida que a perda óssea é acelerada. A Osteoporose também é muito relacionada com o envelhecimento, pois a mulher vai perdendo massa mineral óssea de maneira acelerada após a menopausa, 3 a 6% após 5 anos dada a menopausa. Daí em diante 1% a cada ano. Nesse ritmo na 1° década (pós-menopausa) a mulher perde cerca de 15% da massa óssea; algumas mulheres perdem cerca de 30% da massa óssea por volta dos 70 anos.

Estudos feitos em atletas e não atletas mostraram a influência positiva da atividade física sobre o tecido ósseo. O exercício físico regular torna mais lento o ritmo do envelhecimento esquelético, porém não consegue reverter a perda óssea ou restaurar a integridade óssea, nem modificar os efeitos deletérios do hipoestrogenismo ou da baixa ingestão de cálcio. O efeito do exercício sobre o tecido ósseo é localizado e depende da intensidade, tipo, frequência e duração da atividade física.

Os exercícios físicos mais indicados são os resistidos, como por exemplo, musculação e ginástica localizada, pois contribuem para a remodelação óssea e podem proporcionar um ganho de massa e potência muscular, que trará uma melhor sustentação óssea e. consequentemente, melhor coordenação motora, funcionando como um importante mecanismo de proteção contra quedas. Pode-se também, junto com os exercícios físicos resistidos, indicar a caminhada, desde que a pessoa tenha condições para a sua pratica.

A resposta do osso às sobrecargas mecânicas é imediata, específica ao osso submetido a sobrecarga e envolve reações celulares e teciduais. A sobrecarga mecânica estimula as células ósseas da região de sobrecarga a se deformarem, incrementam sua síntese de PGI2 (prostaciclina), PGE2 (prostaglandina E2), G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) e aumenta a síntese de RNA dentro de minutos após a sobrecarga. Portanto, uma cascata de eventos dentro dos osteoblastos e osteócitos ocorrem em resposta às alterações na tensão óssea, refletindo uma adaptação à sobrecarga imposta pelo ambiente. Tem sido sugerido que existe um mecanismo mecanosensorial, seja dentro da célula óssea ou da matriz extracelular do osso, que percebe a alteração na tensão óssea e então orquestra a subsequente cascata de eventos, havendo um “limiar de ativação” para gerar tais alterações nos ossos. Cargas abaixo do limiar não seriam capazes de ativar as estruturas mecanosensoras e, portanto, não teriam um efeito desejado para um aumento da DMO.

O treinamento de alta intensidade e com sobrecarga deve ser realizado como prevenção ou tratamento da Osteoporose devido aos seus efeitos positivos sobre a DMO. Exercícios de musculação, tênis e corrida são exemplos de atividades que podem ser realizadas para este fim.  Como os idosos, devido a diversos fatores associados à idade, possuem maior tendência a desenvolver Osteoporose, exercícios com sobrecarga devem ser estimulados pois preservam ou retardam a perda de massa óssea.  A sobrecarga gerada pelo exercício acarretará no fenômeno conhecido como efeito piezoelétrico, onde a energia mecânica se transforma em energia elétrica no sistema musculoesquelético, favorecendo a entrada de íons de cálcio no osso. O programa de treinamento deverá conter exercícios de força, resistência aeróbia e flexibilidade.

 

 

Mantenha seu corpo em constante movimento!

 

Wallace Machado

Personal Trainer

  

wallacemachado@ufrj.br