Claudio Melibeu Bentes
INTRODUÇÃO
Muito tem se falado sobre a utilização de diferentes tipos de suplementos alimentares, no entanto, ultimamente tem se estudado muito o papel da vitamina D, não só no metabolismo ósseo, como em vários outros orgãos do organismo (Kobza et al., 2013).
A grande maioria da vitamina D presente no organismo é sintetizada pela pele por exposição aos raios ultravioletas e a outra parcela vem das necessidades de ingestão de fontes alimentares como peixes (salmão, arenque, atum, sardinha), óleo de fígado de peixe, gema de ovos, leite, cogumelos (Parrish, 1979).
A principal função da vitamina D é manter a homeostase (equilíbrio) do cálcio e do fósforo, mantendo consequentemente as concentrações de cálcio intra e extracelular entre uma faixa fisiologicamente aceitável. Além disso, regula outras vitaminas e minerais em nosso organismo, agindo como um hormônio, aumentando as concentrações de cálcio e fosfato promovendo a mineralização óssea, além de induzir a síntese de proteína fixadora de cálcio. Assim, ao contrário da maioria das outras vitaminas, ela é um hormônio esteroide que o corpo usa para fabricar calcitrol (1,25-Dihydroxycholecalciferol) que é a forma ativa de vitamina D no nosso organismo (Gokinaeva, 1956).
Para tal, uma das ações muito evidente da vitamina D em nosso organismo é sobre o músculo esquelético, auxiliando e atuando sobre o transporte de cálcio e na síntese proteica, sendo que a sua deficiência pode estar relacionada com a diminuição da força e da massa muscular (Masuyama, 2014; Nakane et al., 2007).
Nesta direção, uma atividade que pode auxiliar nos ganhos de força e hipertrofia muscular é a musculação (Garber et al., 2011). Continuamente, poucos estudos foram realizados associando a Vitamina D e o treinamento resistido (Musculação). Contudo, ainda é muito especulado por médicos, nutriocionistas os efeitos benéficos da associação entre este hormônio e os ganhos na hipertrofia muscular.
Kobza et al (2013) investigaram os níveis basais de Vitamina D e o hormônio tireoidiano. Foram avaliadas as seguintes variáveis: a tolerância à glicose, composição corporal e a força muscular em adultos idosos, não diabéticos que realizaram treinamento resistido (TR). Uma das hipóteses seria que indivíduos com insuficiência de Vitamina D teriam menos melhora na tolerância à glicose após 12 semanas de treinamento resistido em comparação com indivíduos com Vitamina D suficiente.
O treinamento de força foi capaz em ambos os grupos de promover a melhora dos níveis da composição corporal e nos ganhos de força muscular, contudo, o grupo com a insuficiência de Vitamina D permaneceu com uma grande intolerância à glicose em relação ao outro grupo.
Lembrando que neste estudo, não foram administradas doses externas de Vitamina D, com os grupos mantendo os mesmo hábitos diários.
Outro estudo, Carrilo et al (2013) investigaram o efeito da suplementação de vitamina D durante um programa de treinamento resistido em 23 pacientes adultos, com sobrepeso e obesos nas variáveis: composição corporal, funções musculares e na tolerância a glicose. Após 12 semanas de treinamento resistido, houve aumentos significativos no pico de torque muscular e uma melhora na relação cintura-quadril no grupo que utilizou a suplementação de Vitamina D em comparação ao grupo controle.
O efeito da Vitamina D é visível, da grande lacuna no conhecimento científico sobre o assunto. Apesar disso, a dosagem em um exame de sangue de rotina pode ajudar na avaliação de seus níveis, permitir a sua reposição e assim prevenir diversas doenças. Consulte o seu médico.
REFERÊNCIAS
1 KOBZA, V. M. et al. Vitamin D status and resistance exercise training independently affect glucose tolerance in older adults. Nutr Res, v. 33, n. 5, p. 349-57, May 2013.
2 PARRISH, D. B. Determination of vitamin D in foods: a review. CRC Crit Rev Food Sci Nutr, v. 12, n. 1, p. 29-57, Nov 1979.
3 GOKINAEVA, L. I. [Effect of vitamin D2 on certain functions of the organism]. Vestn Venerol Dermatol, v. 30, n. 4, p. 19-21, Jul-Aug 1956.
4 MASUYAMA, R. Role of local vitamin D signaling and cellular calcium transport system in bone homeostasis. J Bone Miner Metab, v. 32, n. 1, p. 1-9, Jan 2014.
5 NAKANE, M. et al. Differential effects of Vitamin D analogs on calcium transport. J Steroid Biochem Mol Biol, v. 103, n. 1, p. 84-9, Jan 2007.
6 GARBER, C. E. et al. American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc, v. 43, n. 7, p. 1334-59, Jul 2011.
7 CARRILLO, A. E. et al. Impact of vitamin D supplementation during a resistance training intervention on body composition, muscle function, and glucose tolerance in overweight and obese adults. Clin Nutr, v. 32, n. 3, p. 375-81, Jun 2013.
Claudio M. Bentes,M.Sc.
Mestre em Educação Física – EEFD/UFRJ
MBA em Gestão de Academias – IBPEX
Professor Substituto – Escola de Educação Física – UFRJ
Pesquisador do Laboratório de Treinamento de Força – EEFD/UFRJ
Bolsista PET-Vsaúde – UFRJ
Licenciatura Plena em Educação Física – UNESA.
Av. Carlos Chagas, 540
Cidade Universitária- Ilha do Fundão-RJ
claudiomelibeu@gmail.com
claudio.bentes@soucia.com.br
tel.21 8294-1515
SKYPE:MELIBEU
http://lattes.cnpq.br/
http://www.claudiomelibeu.net