Mudanças na Função Sexual na Menopausa: é possível lidar com elas de forma positiva?

A menopausa envolve mudanças físicas, psicológicas e sociais que podem afetar a saúde sexual das mulheres. Assim, além de compreendê-las, é importante focar no desenvolvimento de estratégias para lidar com elas. Um estudo publicado na revista Menopause ouviu mulheres entre 45 e 60 anos com o objetivo de explorar esse tema. 

As mulheres que participaram da pesquisa relataram mudanças tanto positivas quanto negativas na função sexual ao longo da peri e pós-menopausa. Entre as negativas, as mais comuns foram diminuição da frequência sexual; redução da libido; ressecamento vaginal; e dificuldades relacionadas ao orgasmo. As mulheres relacionaram essas mudanças à menopausa; dores físicas; transformações na imagem corporal; e aspectos psicossociais como estresse e excesso de demandas familiares e profissionais. Entretanto, muitas mulheres relataram lidar com essas mudanças de forma adaptativa, através de modificações no comportamento sexual e nas suas prioridades quanto ao sexo. Em termos de comportamento, algumas estratégias utilizadas foram o prolongamento das “preliminares”; diversificação de posições e atividades; também o uso de ítens  sexuais, como os lubrificantes e vibradores. Já com relação às prioridades sexuais, elas relataram que, com o passar do tempo, têm dado mais importância aos sentimentos de conexão e intimidade do que aos aspectos físicos do sexo. 

Além disso, as mulheres apontaram também mudanças positivas com o envelhecimento. Para algumas, a frequência sexual aumentou com a idade; enquanto outras, apesar da diminuição, sentiam-se mais satisfeitas com o sexo atualmente do que quando mais jovens. As mulheres relataram que, ao longo do envelhecimento, se sentiam mais confortáveis e confiantes consigo mesmas, compreendendo melhor seus próprios corpos e necessidades sexuais e, assim, expressando-se com maior liberdade. 

Esses resultados reforçam a possibilidade das mulheres viverem todas as fases da vida com saúde e prazer, inclusive ao longo do envelhecimento. Indicando, assim, a importância do contínuo aprimoramento da autoconfiança e do autoconhecimento para promoção de autonomia, satisfação sexual e qualidade de vida.

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Amanda O. Carvalho – Psicóloga – Mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ

Dra. Lizanka Marinheiro, Md. PhD. – Endocrinologista – Professora dos Programas de Pós-graduação do IFF/FIOCRUZ e Coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia Feminina no IFF/FIOCRUZ

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Fonte:

THOMAS, Holly N. et al. Changes in sexual functionamong midlife women: “I’m older… and I’mwiser.”. Menopause, v. 25, n. 3, p. 286, 2018.