Acaba de ser sancionada a lei que autoriza a volta dos catecolaminérgicos ao mercado brasileiro, há 5 anos dele retirados. Lembro que na época estava sendo lançado uma medicação injetável para diabetes, de alto custo, que apresentava como um dos efeitos colaterais, a perda de peso, e a revista VEJA, estampava a notícia em reportagem de capa: o Victoza.
Simultaneamente a ANVISA, numa interferência a meu ver, política e desrespeitando as entidades que representam os especialistas que estudam e endentem da obesidade como a ABESO, SBEM, SBD, retirava do mercado o Femproporex, a Anfepramona e o Mazindol. Entendo e repeito a ANVISA como orgão regulamentador da vigilância sanitária no país, com função de controle e participação em várias processos. Mas não tem o poder de retirar medicação alguma sem ouvir o Conselho Federal de Medicina, e as Sociedades a ele ligadas. A soberania médica, o saber médico, devem resrespitados.
A obesidade hoje é uma epidemia mundial com consequências graves para saúde, como a hipertensão, a diabetes, certos tipos de câncer, e as doenças cardiovasculares. Claro que o tratamento da obesidade é multidisciplinar e envolve mudanças de hábitos alimentares e de vida, prática regular de exercícios físicos e medicação quando necessário. E as quatro drogas aqui no Brasil existentes são caras e não acessíves à grande parte da população.
Como se dará a produção pela indústria farmacêutica para o retorno dessas medicações ainda não sabemos, pois isto pode envolver processos jurídicos, e o preço é baixo, não despertando interesse na grande indústria . Em contrapartida a pureza e procedência das mesmas pelas farmácias de manipulação não se pode garantir.
As causas da obesidade são complexas e seu tratamento é dífícil, envolvendo uma equipe multidisciplinar. Acho que essas medicações serão importantes para aqueles que não toleram, não respondem ou não podem comprar as existentes hoje no mercado. Toda e qualquer medicação deve ser bem prescrita e sempre tem efeitos colaterais. Não existe tratamento 100% eficaz nem droga sem efeitos colaterias. Mas estas drogas, se bem utilizadas, pelos médicos que estudam e entendem da obesidade como os endocrinologistas, podem trazer benefícios para os pacientes portadores da obesidade.
Lizanka Marinheiro, Md, Phd.
Endocrinologia- FIOCRUZ.
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