MEIA MARATONA DO RIO DE JANEIRO 2015 – reflexões

free_3207864MEIA MARATONA DO RIO DE JANEIRO 2015 – reflexões

Confesso que diante do que temos nas manchetes de jornais, me desanima lê-los com a periodicidade  diária. Hoje, véspera da meia Maratona da Cidade do Rio de Janeiro, me chamou atenção a entrevista da página 23 de O GLOBO, do Dr. Drauzio Varella, 72 anos, colega  a quem admiro e respeito. E, não só li, como parei para comentar alguns trechos dos quais alguns concordo e comungo; parabenizo o colega por tão sábias reflexões. Hoje foi lançado seu livro, CORRER, aqui na Rio Run Market, feira que antecedeu a prova.

Sou corredora há pelo menos uns 20 anos, e fiz minha primeira meia maratona em 2009. Ao contrário do colega, nunca fiz uma maratona, nem desejo. Meus objetivos são melhorar meu tempo nas futuras meias, e fazer alguns percursos internacionais. Também nunca me lesionei seriamente, e este ano, tive uma inflamação na face interna do joelho esquerdo, na inserção de três importantes ligamentos, chamada “pata de ganso”, que me impediu de treinar como deveria para esta prova. Mas o prazer de estar diante 26 mil pessoas, de mais de 61 países, é tanto, que vou, claro, fazer um percurso menor da prova, mas participar da festa. Já falei em outro texto aqui postado – corro no tempo e não pelo  tempo: O importante é chegar bem!

Aqui comento alguns pontos  da entrevista.

  • Sobre a hora  de parar:

Enquanto as pernas aguentarem.

Ainda são poucas as pessoas com mais de 70 anos que correm maratonas; o grande desafio, será ver como as pessoas que estão na meia idade agora, que correm ou estam ativas de outra forma, estarão quando chegarem aos 70 anos ou mais.

  • A maratona como um desfio impossível:

Na verdade, a maratona exige disciplina, treinamento. Mas é factível para a maioria das pessoas que treina para isso. É o que nos faz levar uma vida mais regrada. Não beber demais, não comer demais, para poder treinar. É preciso vontade e disciplina.

  • A maratona como um grande desgaste:

A prova é dura. Fico ótimo depois da prova. Tomo banho e estou novo. A sensação  de  concluir uma maratona é maravilhosa. Dá um barato que não tem quem pague.

  • Corrida e destruição dos joelhos:

Uma bobagem. Um mito. No meu livro cito um estudo, que mostra, que quem não corre tem muito mais lesões no joelho do que quem corre.

  • A maratona é para todo mundo:

É para quem gosta. Você pode adorar correr e nunca ter vontade de fazer uma maratona. O tipo genético também influi.

  • Fazer dieta especial para maratona:

Não. Isso é outro mito. Nunca fiz. O importante e ter uma alimentação equilibrada com frutas , verduras , legumes. Nas semanas que antecedem a maratona, ingerir mais carboidratos, mas com moderação.

  • A importância do exercício físico na nossa vida:

Não é que o exercício faça bem. O sedentarismo é que faz mal.

  • Por que é difícil deixar o sedentarismo:

Porque desperdiçar energia é contra a natureza humana. De qualquer animal. Essa tendência natural é uma tendência ancestral de economizar  energia, numa época em que não havia comida fácil. Agora vivemos num ambiente de comida abundante, gostosa e relativamente barata. O resultado é o acúmulo de gordura. É preciso disciplina para vencer o sedentarismo.

  • A tendência natural a acumular gordura:

Sim, e as pessoas engordam por dentro também; a exemplo órgãos como o fígado. A obesidade acomete muito inclusive crianças. Muitas vezes, a maior alegria de um paciente após cirurgia bariátrica, é poder amarrar o sapato.

  • Sobre jogar futebol uma vez no final de semana:

Não adianta como exercício para a saúde; isso não é esporte, é jogo, e que destrói os joelhos.

  • Conselho para os sedentários:

Se você não tem 30, 40 minutos do dia para fazer exercícios, está vivendo errado!

Seu tempo pode está sendo absorvido pelo trabalho, filhos, mãe doente, uma ladainha de lamentações e obrigações. Uma interminável história triste. Mas, precisamos ter tempo para nós. Revise sua vida!

  • As pessoas são muito auto – condescendentes:

Sim. Há uma tendência a não se considerar responsável pela própria saúde.

Mas cuidar da saúde cabe a nós mesmos. As pessoas tem idéias mirabolantes,

Procuram explicação divina, “DEUS QUIS”.

Ora Deus lá tem tempo para provocar infartos. A frase, “a saúde é um bem de todos e dever do Estado”, é equivocada. É um absurdo.

É obrigação de cada um cuidar de si. Não comer demais, não se entregar ao sedentarismo. Quem não faz isso, se expõe a um risco maior de doenças, custa mais caro para saúde pública.

  • Mas o problema só aumenta….

Sim. Veremos uma discussão séria em saúde pública em pouco tempo. Está cada vez mais difícil arcara com os custos crescentes das doenças associadas a obesidade e ao sedentarismo. Por que alguém que se mantém no peso certo e se exercita terá que pagar as mesmas taxas dos do outro que conscientemente não faz isso, e logo, corre mais riscos? É justo?

Será que daqui a algum tempo não veremos as seguradoras de saúde adotarem a mesma estratégia que usam hoje com  os seguros de carros? Darem um desconto para quem está com o peso dentro dos limites, como dão para quem usa menos o seguro de automóvel?

Fonte- O GLOBO, pg 26,25-07-2015

 

Lizanka Marinheiro

Endocrinologista- corredora

Proforma Academia