Vamos combinar…
O maior e primeiro prazer que sentimos ao nascer é comer.
Após aquele contato inicial com o mundo frio ao sairmos da barriga quentinha materna durante nove meses, o susto com a luz, o ar, o frio e o som, vem o abraço aconchegante com o seio materno, o bebê faminto e assustado é acalmado por comida: o leite materno!
Isso, quando tudo dá certo, claro, não vou me deter aqui nas inúmeras variáveis de gestações complicadas, prematuras e/ou indesejadas, partos e filhos feitos desta ou daquela maneira, péssimas condições ou não de saúde, pois o tema em foco será o … jejum. E que tal, ao acordarmos, depois de uma noite de sono… não tomarmos café da manhã, e só irmos almoçar às 14 hs, ou talvez nem almoçarmos e só jantarmos às 20hs?
Logo comer, é um prazer primário do ser humano. Assim como o sexo, entre outros necessários ao ser humano para o seu equilíbrio físico e mental, e seu desenvolvimento desde a infância, passando pela adolescência e chegando ao tão sonhado equilíbrio na vida adulta e serenidade na maturidade.
Nem sempre a alimentação ocorre de forma tão tranquila, equilibrada, e linear assim para cada indivíduo em particular.
O que vemos além de distúrbios mais sérios e graves, cada vez mais comuns como anorexia, bulimia entre outros que afetam principalmente os jovens e adolescentes, inúmeros quadros de compulsão alimentar que acometem jovens como adultos, e que aliados a outros como, estilo de vida, fatores genéticos, ambientais , sedentarismo, stress, violência , depressão, só para citar alguns, contribuem para tornar a obesidade ser hoje uma epidemia mundial que afeta crianças e adultos no mundo inteiro, sendo um problema de saúde pública.
Por outro lado, temos uma verdadeira ditadura da beleza e do corpo perfeito desejado por todos, ou pelo menos por muitos, numa sociedade de consumo que cobra sucesso e produtividade como valor. Crianças tem agendas cheias, na maioria das vezes, passam horas na internet em seus tablets e smartphones, não brincam, competem desde cedo entre si, em modelos escolares que por sua vez, as preparam para atender a um mercado futuro vigente. Os pais cobram e competem entre si, e não raro, o que vemos naquela apresentação de ballet de final do ano, é aquela criança mais gorda, que talvez nem goste de dançar ballet e que geralmente não dança na primeira fila, mas tem que revezar com as magrinhas, muitas vezes desengonçada, e sentindo-se talvez, um peixe fora da d’água.
E aí, chega a adolescência, e com ela toda a crise normal da idade e toda mudança hormonal, meninos e meninas famintos por tudo, geralmente podem engordar, ou ficarem até obesos, ou terem seus sérios problemas alimentares. E vem outros efeitos em cascata, bullying se é que já os sofreram desde a infância, e chegamos na vida adulta.
A obesidade ou o sobrepeso, ou mesmo aqueles célebres 2, 3, ou 4 kg a mais, que toda mulher magra quer perder, estão bem na nossa frente.
Desafio para toda uma equipe multidisciplinar, e que muitas vezes nossos pacientes querem um milagre. Emagrecer rápido. Muito rápido.
E principalmente….quando vem chegando o verão, e aquele biquíni de lacinho está ali…piscando!!
E é disso que quero falar. A dieta que promete emagrecer rápido.
A dieta do jejum intermitente.
Não costumo criticar nada sem primeiro tentar entender, principalmente, em se tratando de medicina baseada em evidências. A internet tem um valor nos dias atuais maior que luz nos tempos passados, e como tudo na vida, depende do uso que se faça dela, e este tema vem trazendo inúmeras postagens em todas as mídias por profissionais profissionais de forma bastante polêmica.
A informação em medicina , tem e deve ser propagada, principalmente para o público não especializado de forma responsável, justamente como um forma de prestação de serviço útil, e séria.
Então, afinal, a dieta do jejum intermitente funciona? Tem respaldo científico?
É sobre isso que vou falar no post que se segue.
Lizanka Marinheiro
Endocrinologista – PhD, Md
Fiocruz.