A transição da perimenopausa para a menopausa é acompanhada por uma alteração pró-aterogênica em lipídios e outros metabólitos circulantes que potencialmente predispõem as mulheres a doenças cardiovasculares.
Agora, pela primeira vez, um estudo de coorte prospectivo quantifica a ligação entre mudanças hormonais e essas alterações lipídicas, e viu-se que 10% das alterações lipídicas na menopausa são devido às mudanças hormonais.
As mudanças cardiometabólicas desta fase compreendem alterações na composição corporal (aumento da gordura visceral e circunferência da cintura), assim como mudanças desfavoráveis no aumento de colesterol, como aumento na lipoproteína de baixa de densidade (do inglês LDL, low-density lipoprotein) e triglicérides, e redução na lipoproteína de alta densidade (do inglês HDL, high-density lipoprotein).
A menopausa foi associada com uma mudança estatisticamente significativa nos níveis de 85 metabólitos, e análises mostraram que a mudança hormonal na menopausa explicou diretamente as alterações em 64 dos 85 metabólitos, com tamanhos de efeito variando de 2,1% a 11,2%. As análises foram ajustadas por idade no início do estudo, duração do acompanhamento, escolaridade, uso de tabaco, uso de álcool, atividade física e qualidade de dieta.
Apesar de ser um processo natural e inevitável, as alterações negativas nos metabólitos, durante a menopausa, podem ser diminuídas com escolhas de estilo de vida: comer de forma de saudável (com atenção especial à ingestão de gorduras) e ser fisicamente ativa. De forma complementar, a terapia de reposição hormonal (TRH) atenua um pouco as alterações e pode ajudar a proteger mulheres na menopausa de um risco elevado de doenças cardiovasculares.
Há bastante evidência de que a TRH atenua o aumento de peso e de porcentagem de gordura corporal (assim como de gordura visceral) relacionado à menopausa. Os novos achados parecem confirmar essas evidências de que a TRH tem um efeito favorável sobre as gorduras durante a transição da perimenopausa para a menopausa. Esses achados sugerem que as diretrizes clínicas iniciem a TRH logo no início da menopausa, visto que esse momento oferece o maior efeito cardioprotetor.
Fonte: Jari E Karppinen, Timo Törmäkangas, Urho M Kujala, Sarianna Sipilä, Jari Laukkanen, Pauliina Aukee, Vuokko Kovanen, Eija K Laakkonen, Menopause modulates the circulating metabolome: evidence from a prospective cohort study, European Journal of Preventive Cardiology, Volume 29, Issue 10, August 2022, Pages 1448–1459, https://doi.org/10.1093/eurjpc/zwac060 Disponível em: https://academic.oup.com/eurjpc/article/29/10/1448/6580397?login=false
Dra. Lizanka Marinheiro, Md, PhD. Médica endocrinologista, pesquisadora e professora dos programas de pós-graduação do IFF/FIOCRUZ