Dentre os problemas que mais acometem a tireoide destacam-se o hipotireoidismo, o hipertireoidismo e os nódulos tireoidianos, estes em sua maioria, benignos. Além destes, o câncer de tireoide também é uma patologia que pode acontecer. Todas em geral são de tratamento relativamente fácil, se diagnosticados rapidamente, e corretamente, além dos sintomas serem rastreados desde o início com uma boa história clínica.
A tireoide, se localiza no pescoço, e libera dois hormônios essenciais para o bom funcionamento do organismo, o T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina). Dentre várias funções regulam a velocidade do metabolismo e interferem no desempenho de órgãos importantes, como o coração, rins, além de terem uma interferência no ciclo menstrual. Logo, as disfunções tireoidianas afetam várias funções vitais do nosso corpo.
O hipotireoidismo
O hipotireoidismo se caracteriza por uma baixa produção dos hormônios produzidos pela tireoide. Acomete mais o sexo feminino em cerca de 10 vezes que os homens, tendo uma incidência maior principalmente no climatério. Sua causa mais comum é uma doença autoimune chamada Tireoidite de Hashimoto.
Nesta caso, auto-anticorpos agridem a própria glândula, fazendo com que a mesma diminua sua produção hormonal, levando a um estado de “lentidão metabólica”, diríamos assim.
Os sintomas de hipotireoidismo podem ser resumidos em todos aqueles sinais em que o metabolismo está desacelerado.
Outro fator que pode causar o hipotireoidismo é a quantidade de iodo no organismo. Tanto altas doses como baixos níveis dessa substância no organismo podem afetar a produção dos hormônios T3 e T4.
Sintomas
Os sintomas podem ser resumidos em todos aqueles sinais de que o metabolismo está desacelerado, tais como menor número de batimentos cardíacos, constipação intestinal, irregularidade menstrual, diminuição da memória, cansaço excessivo e dores musculares. Pele seca, queda de cabelo, ganho de peso, aumento de colesterol no sangue e alterações no humor – que normalmente leva à depressão -, também são observados em pessoas que têm hipotireoidismo. Esses sintomas PODEM APARECER EM CONJUNTO OU ISOLADAMENTE, e não aparecem repentinamente, ou em conjunto, podendo variar de pessoa para pessoa. Por isso, muitas é difícil fazer o diagnóstico precocemente com base apenas na clínica, e hoje já se pede de rotina as dosagens séricas de TSH e T4 livre de rastreio, o que muito ajuda no diagnostico precoce.
Alimentação e sua relação com a tireoide
Não existe uma relação direta entre alimentação e o hipotireoidismo, no entanto existem alimentos que por serem ricos em alguns minerais como o selênio e o iodo, tem alguma relação com a tireoide. Como fator de proteção, os alimentos ricos em selênio são um bom exemplo; o selênio parece contribuir para o bom funcionamento tireoidiano. Além disso, este mineral tem um papel antioxidante, que também age no controle de radicais livres que podem causar danos às células saudáveis do corpo. São boas fontes de selênio encontradas na natureza, peixes, alho, cebola, pepino e cogumelo.
Já o iodo, presente no sal por exemplo, assim como em frutos do mar e algas, também ajuda a aumentar os níveis de iodo no organismo, que é importante para a síntese dos hormônios tireoidianos. Não é preciso salgar demais a comida, já que ingerir mais do que seis gramas de sal e de iodo pode até ser prejudicial ao bom funcionamento tireoidiano e a pressão arterial.
Existem alimentos conhecidamente bociogênicos (causadores do aumento do volume da tireoide), e seu consumo não deve ser exagerado, já que, somados com outros fatores como pré-disposição genética e falta de iodo no organismo, podem causar problemas na tireoide. Entre esses alimentos estão o repolho, couve-de-bruxelas, brócolis, espinafre e couve-flor.
Tratamento
O tratamento consiste na reposição hormonal, em geral, à base de levotiroxina (L-T4). Deve-se tomar o comprimido uma vez ao dia, em jejum. Solicita-se que a alimentação ocorra somente após 30 minutos da ingestão da medicação, pois os alimentos aumentam o pH estômago, diminuindo a absorção da levotiroxina.O controle para verificar se dose está correta, deve ser feito em até um mês iniciado o tratamento, podendo se esparsar para três ou até seis mêses quando a mesma tiver ajustada pelos níveis sanguíneos de TSH e T4 livre.
Prof. Dra.Lizanka Marinheiro
Pós-Graduação em Medicina Clínica aplicada à Saúde da Mulher e da Criança
Instituto Fernandes Figueira -Fiocruz