Genética, obesidade e depressão.

A obesidade hoje é uma epidemia mundial, considerada um problema de saúde pública. Suas causas são ambientais, comportamentais e genéticas.

Dentre os  inúmeros hormônios envolvidos na  gênese da obesidade, temos como muito importantes a LEPTINA  e a GRELINA.

 

A grelina é um hormônio orexigênico (que estimula o apetite), e em indivíduos saudáveis é esperado a diminuição da grelina após a alimentação, resultando na diminuição da fome.

Daí a importância de se alimentar em intervalos regulares de 3  em 3 horas, com pequenos lanches intercalados entre as grandes refeições, pois, a liberação deste hormônio,  é aumentada com estômago vazio!

Em recente publicação agora de julho, pesquisadores do Departament of Medicine da University College London, publicaram um artigo com 359 pacientes, que tinham 2 cópias do gene FTO (alto risco para desenvolver obesidade) ou variações com baixa probabilidade de desenvolver obesidade, para avaliar a resposta da grelina e dos núcleos cerebrais da fome após a alimentação.

Não foi o que ocorreu nos pacientes que apresentavam a variação genética. Após a alimentação, os níveis de grelina não foram suprimidos, além disso, também foram realizados exames de Ressonância Magnética que demonstraram que o indivíduos que não tiveram a redução da grelina mantinham maior expressão cerebral a fotos de alimentos.

Margarita Rivera, pesquisadora da Universidade de Granada, fala que existem evidências de que os transtornos relacionados com a obesidade são mais frequentes em indivíduos portadores de depressão, e embora esta associação ainda não esteja clara, há indícios que variações genéticas do gen FTO, estejam também associados ao risco aumentado de obesidade .

Estudo recente da pesquisadora, no Instituto de Psiquiatria do KiNG’S COLLEGE DE LONDRES, com 2.440 pacientes com depressão recorrente e 809 controles sadios, selecionados com critério de inclusão de nunca terem tido nenhuma enfermidade mental prévia, demonstraram pela primeira vez, que a depressão modifica o efeito do gen da obesidade “FTO”.

Essas duas patologias são de grande prevalência na nossa sociedade atual, e seu componente genético é cada vez mais estudado para que se possa entender melhor suas causas e mecanismos, e assim, se oferecer tratamentos cada dia mais eficazes aos nossos pacientes.

 

J Clin Invest. doi:10.1172/JCI44403.
Copyright © 2013, The American Society for Clinical Investigation.

Research Article

Efthimia Karra1, et al.,july 2013.

 

Mol Psychiatry. 2012 Jun;17(6):604-11. doi: 10.1038/mp.2011.45. Epub 2011 Apr 19.
Depressive disorder moderates the effect of the FTO gene on body mass index

MRC SGDP Centre, Institute of Psychiatry, King’s College London, Denmark Hill, London, UK. margarita.rivera_sanchez@kcl.ac.uk

 

 

Lizanka Marinheiro

Chefe do setor de endocrinologia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher Criança e Adolescente

Fernandes Figueira-FIOCRUZ