A resposta é não.
Contudo, podemos considerar que a resiliência psicológica e a expressão de fé são “habilidades” perfeitamente relacionáveis. A resiliência, segundo os pesquisadores do tema, pode ser definida como um processo subjetivo contínuo que torna um indivíduo mais propenso a se recuperar de eventos traumatizantes, se adaptar positivamente a situações difíceis e ser bem-sucedido ao enfrentar adversidades. Essa capacidade de recuperação, adaptação positiva e/ou enfrentamento se torna possível desde que o indivíduo possua recursos internos (atributos pessoais como autoeficácia, autocontrole, flexibilidade) e externos (vínculos afetivos, modelos sociais positivos, integração à sociedade) que funcionam, em parte, como pilares que constituem o construto resiliência e, em parte, como fatores que catalisam o desenvolvimento do comportamento resiliente.
Segundo o dicionário Michaelis, a fé pode ser definida como a convicção da existência de algum fato ou um conjunto de ideias e crenças de determinada religião ou doutrina. Ainda segundo o dicionário, alguns possíveis sinônimos são: credulidade, crença e confiança. Embora nenhum dos dois conceitos tenham uma única definição possível, ou mesmo um consenso definitivo, podemos facilmente percebê-los como competências diferentes e que podem ou não coexistir em uma mesma pessoa. Por exemplo, enquanto uma pessoa resiliente, provavelmente, terá como atributo pessoal um bom nível de autoconfiança, uma pessoa notoriamente dotada de fé pode não ser tão autoconfiante, mas expressar muita confiança em um ser ou agente externo.
Apesar de não serem a mesma coisa, as duas características podem, sim, estar intrinsecamente relacionadas. Grandes autores, que contribuíram com pesquisas, que ajudaram a mapear os atributos ou características de pessoas resilientes, apontaram a fé como um destes atributos. Outros autores apontaram também a espiritualidade e a esperança como possíveis atributos de pessoas resilientes. Diante dessas contribuições podemos considerar a fé como um elemento importante na construção de condutas resilientes, para algumas pessoas ou grupos.
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Vanessa L. C. Soares – Psicóloga – Mestranda do Programa de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ
Dra. Lizanka Marinheiro, PhD. – Endocrinologista – Professora dos programas de pós-graduação do IFF/FIOCRUZ e coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia Feminina no IFF/FIOCRUZ.
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Fonte:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/f%C3%A9