Diabetes: sexta maior causa de morte no mundo

Dia 14 de novembro foi o Dia  Mundial do Diabetes . Gastamos bilhões de dólares em pesquisas anualmente, e este  problema é a sexta maior causa de morte no mundo.

Existe uma relação entre obesidade e diabetes, além de uma relação entre ganho de peso, mesmo em faixas normais, e aumento do risco de se morrer por infarto agudo do miocárdio, (morte súbita), e AVC ( acidente vascular cerebral); e a redução de um quilo pode diminuir em 17% a chance de alguém ficar diabético.

Após se perder 10% do peso, o risco de desenvolver diabetes diminui absurdamente, mesmo quando um indivíduo permanece obeso. Qual seria a explicação?

Parece paradoxal, mas o tecido gorduroso, tem função protetora para o aparecimento do diabetes!  Na verdade, o mal é devido ao  excesso de peso adquirido, ano após ano, pelo  consumo de calorias acima do necessário no decorrer do tempo. As calorias extras  são estocadas no tecido adiposo, que é um orgão de poupança e estoque de energia de reserva, para em caso de necessidde, o organismo vir a retirar, e evitar que essa energia em excesso  circule principalmento nos vasos e artérias – lugar este justamente, onde não deveria circular, pela sua ação deletéria. O lugar correto de armazenamento  tecido subcutâneo, e os  modernos estudos  sugerem que o melhor local, seria nos membros inferiores, em particular o das pernas!

O problema é que há um limite na capacidade de armazenamento – tanto para o surgimento de novas células adiposas quanto para o crescimento delas. Quando esse limite é atingido, o excesso de calorias passa a circular em outros orgão tais como fígado, músculo, coração, artérias, pâncreas, etc. Essa energia em excesso circulando  causa o que se chama de resistência à insulina e, em indivíduos predispostos, o pâncreas, que também passa a armazenar gordura, não consegue produzir a insulina adequadamente para esse aumento de demanda, e o diabetes aparece.

 

 

O Professor e pesquisador Stephen O´Rahilly estudioso em diabetes, compara este processo a um sistema hidráulico de um volume que entra e sai, com fluxo contínuo e ralo aberto: se o que entra e o que sai é igual, o nível da água  permanecerá constante, sem vazamento. Se o recipiente é muito grande, mesmo que o enchamos muito, demorará para vazar. Isso é o que ocorre com indivíduos obesos que não tem doença metabólica. Eles tem uma capacidade de armazenamento grande – porém há um limite, a partir do qual haverá vazamento. Ao contrário, se o recipiente é pequeno, caso se aumente o fluxo um pouco, a água vazará. Isso ocorre com pessoas cujo peso aparentemente é normal, mas como elas tem pouca capacidade de armazenar gordura nas pernas, a gordura em excesso irá se depositar em outras regiões  principalmente na barriga, que se sabe constitui fator de risco para doença cardiovascular.

E a mágica de simplesmente retirar gordura, como em lipoaspiração, por exemplo, não tem nenhum impacto positivo metabólico, pois há uma redução de volume sem  diminuição de entrada. Pelo contrário, um estudo mostrou que o valor dos triglicérides pós prandial  (depois das refeições ), piorava em pessoas que faziam lipoaspiração das pernas!

 

Isto é de fundamental importancia tanto na prevenção como no tratamento do diabetes nos primeiros anos, pois é evitando o aumento da ingestão calórica e  ou aumento do gasto  que se impede o acúmulo de calorias extras em lugares errados. Muitas vezes, apenas estas medidas não sejam suficientes, caso o diabetes já esteja presente há muitos anos, sendo necessário o tratamento medicamentoso com uma ou mais drogas.

Por isso o tratamento precoce é muito importante.

 

Profa. Dra. Lizanka Marinheiro

Endocrininogista – Chefe do Setor de Endocrinologia Instituto Nacional de Saúde Da Mulher, Criança e Adolescente

Fernandes Figueira -FIOCRUZ

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