As campanhas do dia nacional de combate ao fumo (criado, em 1986, por intermédio da Lei Federal nº 7.488) são coordenadas pelo Ministério da Saúde em articulação com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). O objetivo é alertar a população dos malefícios do uso dos produtos do tabaco e dos riscos de adoecimento precoce associados à dependência química causada pela nicotina.
As atividades relacionadas à campanha buscam sensibilizar a população e propor a discussão desses assuntos, principalmente entre os mais jovens. Especialistas apontam os adolescentes e jovens como o grupo mais vulnerável às estratégias da indústria do cigarro, também o grupo mais propenso a iniciar o consumo de tabaco, estimulados pela socialização em grupos de jovens consumidores e pela maior abertura para experimentar e desenvolver novos hábitos. As campanhas também são direcionadas às pessoas que já possuem o hábito de fumar, apontando os benefícios alcançados por meio da cessação desse hábito.
Dados do Ministério da Saúde indicam uma queda de 38% no número de brasileiros que mantém o hábito de fumar, entre os anos de 2006 e 2019. Contudo, o INCA aponta que as taxas anuais de mortalidade associadas à dependência de nicotina ainda são altas. O consumo de cigarro é a principal causa de câncer de pulmão, além de ser um fator direto no agravamento de outros quadros como doenças cardíacas, doenças pulmonares, outros tipos de câncer e acidente vascular cerebral.
No contexto da pandemia do COVID-19, o tabagismo exige uma atenção ainda maior, pois este hábito é não só fator de risco, como também um agravante para a doença, pois o tabaco prejudica os mecanismos de defesa do organismo. O estresse e a ansiedade causados pelo isolamento social, as incertezas e o medo gerado pela pandemia e o enfrentamento de situações complexas como o luto e o adoecimento, constituem um “gatilho” para as pessoas que em processo de abandono do hábito de fumar. Isto ocorre porque questões emocionais estão frequentemente associadas ao vício. Além disso, largar um vício, estando em isolamento social, torna o processo ainda mais árduo, uma vez que o apoio social é de extrema importância. Fica um alerta, também, para que a pessoa em processo de deixar de fumar não acabe trocando uma compulsão por outra, fazendo uso abusivo de substâncias alcóolicas, por exemplo.
Parar de fumar é uma decisão necessária, ainda que evitar completamente o consumo seja bastante difícil para quem tem o vício em nicotina. A perseverança é fundamental para o sucesso e o apoio de uma rede de afeto pode ser um ótimo combustível nesta luta diária. Modificar hábitos enraizados na rotina é um processo demorado, no caso do consumo de cigarro, o recomendável é, gradualmente, substituir este hábito por outros mais saudáveis, para conseguir aos poucos diminuir o consumo.
Vanessa Lemos da Costa Soares
Aluna do Mestrado Acadêmico pelo Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher do IFF/Fiocruz
Lizanka Marinheiro Md, Phd – Endocrinologista
Profa. do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do IFF/Fiocruz