A pandemia do COVID-19 representa um desafio para toda a sociedade. Decisões importantes precisam ser tomadas, como por exemplo a possibilidade de reabrir as escolas, em um cenário onde as evidências científicas sobre o distanciamento adequado para diminuir o risco de contaminação são baixas e as consequências são altas. No Brasil e no mundo, muitas escolas e universidades optaram por começar o ano letivo remotamente, modalidade que nem sempre contempla as necessidades e possibilidades de todos os alunos, pais e professores.
Neste contexto, entidades de saúde pública, órgãos administrativos e centros de controle e prevenção de doenças, esperam que a Organização Mundial de Saúde orientem as medidas adequadas para que reuniões presenciais voltem à rotina da população de forma segura e viável. A OMS, por sua vez, publicou em janeiro medidas de segurança que estipularam distanciamento de pelo menos um metro entre as pessoas. Esta medida vem sendo contestada por muitos pesquisadores que apontam que a distância não poderia ser menor que 2 metros. As diretrizes de distanciamento, incluída a publicada pela OMS, presumem que a transmissão ocorre principalmente por meio de gotículas grandes, que estão sujeitas à gravidade e caem no chão a poucos metros, após serem expelidas do corpo de uma pessoa infectada pelo vírus. Se uma bactéria ou vírus se espalha principalmente nas gotículas grandes e se as gotículas grandes caem do ar a apenas alguns metros, faria sentido manter apenas alguns metros de distância de outras pessoas.
Contudo, nos últimos meses, cientistas ambientais, físicos, engenheiros, epidemiologistas e outros vários pesquisadores têm manifestado preocupação com a possibilidade de o vírus ser transmitido por gotículas menores, que podem chegar até a 8 metros de distância em exalações violentas, como tosses e espirros. Diferente das gotículas grandes que caem, essas gotículas menores (também nomeadas como aerossóis) podem secar e permanecer no ar por horas e o risco de infecção pelo ar deve ser considerado, especialmente em ambientes fechados. Fato que ressalta a necessidade do uso de máscara.
O Centro de Medicina Baseada em Evidências (CEBM) da Universidade de Oxford, concluiu que aerossóis finos podem transmitir infecções por distâncias maiores do que apenas alguns metros. Os cientistas do CEBM também consideraram experimentos físicos nos quais o vírus não só permaneceu estável no ar por horas, como também migrou através de salas. A preocupação de partes da comunidade científica com os aerossóis os levou a publicar um apelo assinado por 239 cientistas, no início de julho, destinado à comunidade médica e principalmente à OMS, alertando que existe uma possibilidade real de que pequenas gotículas transportem o vírus além de alguns metros, em “escala de sala”, embora as evidências de que a concentração seja suficiente para causar infecção não sejam conclusivas.
Outros fatores devem ser considerados e adotados de forma combinada ao distanciamento. Ventilação, tempo de exposição e recomendações diferentes considerando as características ambientais. No caso de espaços internos com pouca ventilação, cuja permanência dure longo período, o distanciamento de 2 metros pode não ser suficiente. Em lugares abertos com grande fluxo de ar, o distanciamento de 2 metros parece ser adequado desde que todos estejam usando máscaras.
Se você precisa saber mais ou algo sobre o COVID-19, consulte e baixe um aplicativo do Ministério da Saúde,
CORONAVÍRUS SUS
Fonte – MEDSCAPE
Lizanka Marinheiro , Md, PhD
Endocrinologista – Instituto Nacional de Saúde da Mulher Criança e Adolescente Fernandes Figueira
FIOCRUZ