Que o exercício físico é recomendado para controle de peso já é um consenso na área da saúde, mas o que verificou-se foi que a perda de peso esperada que ele produza é bem menor do que a de fato é observada. Estima-se que a perda de peso real seja em torno de apenas 30-40% do esperado.
O mecanismo por trás disso chama-se compensação de peso, que é a diferença entre a quantidade de perda de peso prevista a partir do exercício físico e a real perda de peso alcançada.
Sabe- se que existe entre as pessoas uma variabilidade individual grande de “compensação energética”: há os “hiper” e os “hipo-compensadores”, o que explica porque algumas pessoas têm mais facilidade que outras em perder peso com exercício, e há ainda, a compensação inconsciente, ligada a mecanismos neurobiológicos de conservação do peso e a compensação consciente.
Um estudo realizado em um centro de pesquisa acadêmica, com cerca de 200 adultos com sobrepeso ou obesidade ao longo de seis meses, chegou a conclusão que a compensação resultou do aumento da ingestão energética e aumento concomitante do apetite e não devida à atividade ou alterações metabólicas.
Assim, usar informações de gasto energético com exercícios para guiar aumento de consumo é um comportamento contraproducente, principalmente, para os “hiper-compensadores consciente”, ou seja, aqueles que se exercitam acreditando terem gasto um número X de calorias e que, portanto, apresentam carta livre para comer mais.
Referência: Martin. Effects of different doses of supervised exercise on food intake, metabolism and NEPA. AJCN 2019
Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md
Professora das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher
Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina
Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ