Em recente pesquisa por nós orientada juntamente com a Profa.Helena Fontoura, a cirurgiã plástica Ângela Fausto pesquisou, como um grupo de mulheres operadas de cirurgia bariátrica e posteriormente submetidas à cirurgia plástica, se sentia. Qual era a visão e sentimentos delas com relação aos seus corpos emagrecidos e reconstruídos, dentro de uma avaliação de pesquisa qualitativa. Abaixo, o resumo do trabalho apresentado, que deu a aluna o título de Doutora em Ciências pela FIOCRUZ.
A questão da obesidade se apresenta como uma epidemia mundial e crescente. No seu quadro mais crítico, a obesidade mórbida (OM), normalmente está associada a distúrbios nutricionais e doenças que configuram a síndrome metabólica. O número de pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica (CB) é crescente como alternativa de tratamento, com resultados positivos na saúde, para controle ou cura dessas doenças. Posteriormente, após o emagrecimento, realizam a cirurgia plástica (CP). Em um estudo qualitativo, entrevistamos 20 mulheres com obesidade mórbida submetidas tanto à CB como a CP. Buscamos conhecer os significados que mulheres ex-obesas submetidas à CB e a posterior CP atribuem às modificações ocorridas nos seus corpos e a satisfação pessoal das participantes. São estudados os sentimentos, as razões, o nível de informação, a adesão ao tratamento e os sentidos atribuídos por essas mulheres à CP. Verificamos que o efeito do emagrecimento após a CB altera a imagem corporal. Modifica-se o “conhecido corpo obeso” e este passa a ser considerado como uma fonte compartimentada de problemas decorrentes da perda de peso, interferindo fortemente na percepção corporal. A CB imputa modificações significativas não somente na imagem corporal como também na mente das entrevistadas, o que impacta profundamente a auto percepção delas frente à nova visão corporal tendo que adaptar-se a novos padrões pessoais e sociais. Nesse período as entrevistadas questionam a opção pela CB por vivenciarem diversos desconfortos durante o período de espera para realizarem as CP. A informação aparece como questão vital na proposta terapêutica. A demora pela CP constitui uma delicada questão de Saúde Pública. Concluímos que o nível de satisfação com a CB e a CP é alto e que na atenção terciária de saúde à OM, considerando uma visão global da terapêutica, só é viável considerar a oferta da CB, como opção médica de tratamento da obesidade mórbida, se for viabilizada a cirurgia de reconstrução corporal o mais precocemente possível, sendo entendida, ofertada e informada como parte de um mesmo processo.
Palavras chaves: Obesidade Mórbida; Imagem Corporal; Cirurgia Plástica; Cirurgia Bariátrica; Doenças Nutricionais e Metabólicas.
Lizanka Marinheiro
Professora da Pós-Graduação em Saúde da Mulher – Instituto Nacional Da Criança, Mulher e Adolescente
Fernandes Figueira- FIOCRUZ