Cirurgia bariátrica: Conheça um pouco mais sobre esse método de tratamento da obesidade e suas comorbidades.

       Várias abordagens terapêuticas são necessárias para tratar efetivamente a obesidade, e entre elas, está a cirurgia bariátrica. As evidências indicam que a cirurgia tem sido a intervenção de maior sucesso no tratamento da obesidade e suas comorbidades em comparação com intervenções não cirúrgicas. Mas, afinal, o que é cirurgia bariátrica e quais seus benefícios, riscos e indicações?

      A cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico que altera a forma original do estômago e reduz sua capacidade de receber alimentos, dificultando a absorção de um número exagerado de calorias. 

     Existem várias técnicas cirúrgicas para se fazer cirurgia bariátrica, e as mais utilizadas são: a banda gástrica, o sleeve gástrico e o bypass gastrojejunal em Y-de-Roux ou bypass gástrico.

Tipos de cirurgia bariátrica 

Banda gástrica: Consiste na colocação de uma faixa inflável na parte superior do estômago, que faz com que a entrada de alimentos diminua. 

  • Vantagens: a cirurgia é considerada de baixo risco e o tempo de internação é curto.
  • Desvantagens: menor perda de peso, necessidade de ir ao médico para reajuste da faixa e uma possível segunda cirurgia para troca ou retirada da faixa. 

 

Manga gástrica: consiste na retirada de 80% do estômago. No entanto, o estômago é um músculo que pode voltar a crescer. 

  • Vantagens: acarreta maior perda de peso do que a banda gástrica e o tempo de internação é menor. 
  • Desvantagens: não ser reversível, causar refluxo ácido, maior risco de problemas relacionados à cirurgia em comparação à banda gástrica, entre outros.

 

Cirurgia de bypass gastrojejunal em Y-de-Roux ou bypass gástrico: nesse método o estômago é reduzido com cortes ou grampos e é feita uma alteração no intestino para reconectá-lo à parte do estômago que irá permanecer funcional. 

  • Vantagens: são mais efetivos na perda de peso.
  • Desvantagens: podem provocar maiores complicações metabólicas como uma  má  nutrição protéico – calórica e várias deficiências de nutrientes.

 

         No Brasil, o método de bypass é realizado em 70% das cirurgias, sendo o mais praticado no Sistema Único de Saúde (SUS).

  Indicação 

       A cirurgia bariátrica é recomendada para indivíduos obesos com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40  ou pessoas que tenham IMC acima de 35 e  outras doenças associadas, como diabetes, colesterol alto, hipertensão, hérnia de disco, esteatose hepática (gordura no fígado), entre outras.

Benefícios

       Sem dúvida, o maior benefício da cirurgia bariátrica é a grande perda de peso em um curto espaço de tempo em relação a outros métodos. Outros benefícios encontrados após a cirurgia são:

 

  • Melhora do cansaço e fadiga sentido por estes pacientes devido ao peso excessivo
  • Maior facilidade de praticar exercícios
  • Melhora de dores lombares
  • Melhora em artrites e artroses
  • Diminuição do risco  cirúrgico nas cirurgias ortopédicas que possam se suceder  a cirurgia bariátrica
  • Melhora da apneia  do sono
  • Melhora dos níveis glicêmicos, de colesterol e de pressão arterial, podendo reduzir o número de medicações usadas para estas doenças
  • Melhora dos quadros de depressão e ansiedade, bem como da auto imagem e autoconfiança, refletindo desta forma na sociabilidade, atividade sexual e na performance no trabalho.

 

          Além da perda de peso, está documentado que essas técnicas cirúrgicas também provocam alterações metabólicas, como melhora na sensibilidade à insulina ou remissão do diabetes e da esteatose hepática. Por isso também têm sido consideradas cirurgias metabólicas.

         É importante salientar que a cirurgia bariátrica não é uma ato cirúrgico isolado e único. Os pacientes precisam ser alertados que ela envolve um  conjunto de medidas tais como acompanhamento psicológico, nutricional e clínico,  para isso devendo haver uma preparação prévia cuidadosa. O alcoolismo e reganho de peso estão entre algumas das complicações da mesma.

        Por isso, a tomada de decisão deve ser feita de forma  compartilhada com o paciente, abordando sobre os riscos e benefícios da cirurgia em comparação com a continuação do tratamento médico e estilo de vida habitual.

Referência: Frigolet ME, Dong-Hoon K, Canizales-Quinteros S, Gutiérrez-Aguilar R. Obesity, adipose tissue, and bariatric surgery. Bol Med Hosp Infant Mex. 2020;77(1):3-14. English. doi: 10.24875/BMHIM.19000115. PMID: 32115585.

 

Profa. Dra. Lizanka Marinheiro, PhD, Md

Professora  das Pós-graduações em Saúde da Mulher e em Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde da Mulher

Coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia Feminina e Chefe do Ambulatório de Endocrinologia Feminina

Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira – FIOCRUZ