Café e chá são consumidos há centenas de anos e se tornaram uma parte importante nas tradições culturais e da vida social. O conteúdo de cafeína é mais alto em cafés, bebidas energéticas e comprimidos de cafeína; intermediário no chá; e menor em refrigerantes.
O café é composto por cafeína, fitoquímicos biologicamente ativos, incluindo polifenóis, como ácido clorogênico e lignanas, o alcalóide trigonelina, melanoidinas formados durante a torrefação e quantidades modestas de magnésio, potássio e niacina. Esses compostos do café podem reduzir o estresse oxidativo, melhorar a microbiota intestinal e modular o metabolismo da glicose e da gordura. Por outro lado, o diterpeno cafestol, presente no café não filtrado, aumenta os níveis séricos de colesterol.
A cafeína quando consumida em altas doses (> 200 mg/ocasião ou > 400 mg/dia) pode induzir ansiedade, inquietação, nervosismo, insônia, e agitação psicomotora. A intoxicação por cafeína pelo consumo de fontes tradicionais de cafeína, como café e chá é raro porque uma grande quantidade (75 a 100 xícaras de café) teria que ser consumida em pouco tempo para a dose para ser fatal. Mortes relacionadas à cafeína são associadas a doses muito altas de comprimidos de cafeína ou suplementos em pó ou líquido, principalmente em atletas ou pacientes com transtornos psiquiátricos.
No entanto, parar a ingestão de cafeína após o consumo habitual pode levar a sintomas de abstinência, como dores de cabeça, fadiga, diminuição do estado de alerta e humor deprimido. Esses sintomas ocorrem entre de 1 a 9 dias após a interrupção da ingestão de cafeína, mas pode ser evitado reduzindo gradualmente a dose de cafeína.
Revisão sistemática sugere que o consumo de 3 a 5 xícaras de café por dia têm sido consistentemente associado a um risco reduzido de várias doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diversos tipos de câncer, diabetes tipo 2, doenças do fígado e cálculos biliares. Além disso, estudos metabólicos sugerem que a cafeína pode melhorar o balanço energético, reduzindo o apetite e aumento da taxa metabólica basal e termogênese induzida por alimentos.
Contudo, as evidências atuais não justificam a recomendação de ingestão de cafeína ou café para prevenção de doenças, mas sugere que, para adultos saudáveis o consumo moderado de café ou chá pode fazer parte de um estilo de vida saudável.
Ref: van Dam, RM, Hu FB, Willet WC. Coffee, Caffeine, and Health. N Engl J Med 2020;383:369-78.
Marcela Perdomo Rodrigues, nutricionista, Doutora em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares – UFRGS
CRN4 19102406