A escolha do método contraceptivo
A escolha da melhor forma para se evitar uma gestação indesejada deve sempre partir da própria paciente. Porém, é dever do médico instruí-la sobre os diferentes métodos possíveis, alertando para riscos e benefícios, discutindo com a mesma sobre qual seria mais eficaz no seu caso. Não se pode esquecer que muitos métodos apresentam benefícios além da contracepção, como por exemplo, melhora da pele (acne e hirsutismo), controle do fluxo menstrual abundante e das cólicas, melhora da TPM…
A eficácia de cada método depende não somente de sua “fórmula” mas de seu uso. Muitas pacientes escolhem o método mas não utilizam corretamente, aumentando as chances de “ falha”. Desta forma, na hora de escolher algum método tem que se pensar também em sua comodidade e aderência, ou seja, nas chances do mesmo ser utilizado corretamente. Métodos como laqueadura tubária (atenção: esse método é irreversível!), DIU e implante subdérmico são mais cômodos e de fácil aderência porque não dependem da usuária; eles são inseridos/realizados pelo médico através de procedimento cirúrgico ou ambulatorial, e independente do que a usuária faça, não são influenciados. Porém, por se tratarem de procedimentos cirúrgicos (mesmo que de pequeno porte), podem ter complicações associadas ao mesmo.
Estudo publicado recentemente* procurou avaliar a eficácia a longo prazo de diversos métodos (pílulas, adesivos, anel vaginal, injetável, implantes subdérmicos e DIU). Foram avaliadas 7486 mulheres durante 2 a 3 anos, sendo que apenas 156 tiveram uma gestação não programada neste período. Os pesquisadores observaram que geralmente quem optava pelas pílulas, adesivos ou anel vaginal eram mulheres sem filhos, enquanto as mais velhas e com filhos preferiram implantes subdérmicos ou DIU; e que as que engravidaram eram mulheres mais jovens, com baixas condições sócio-economicas, e que já tinham história de terem tido outras gestações não-planejadas. O risco de gestação foi maior nas usuárias de pílulas, adesivos ou anel vaginal, principalmente nas mais jovens (idade<21 anos), o que pode estar relacionado com a aderência e a forma de uso.
Sendo assim, na hora de escolher o seu método de anticoncepção leve em conta comodidade de uso, segurança, efeitos benéficos adicionais, possíveis efeitos adversos e custos. Não escolha apenas porque fez bem a sua amiga ou aquele que sua irma se adaptou. Todas mulheres tem particularidades que devem ser respeitadas, e não é pelo fato que uma escolha foi boa para alguém que será para todas. Se informe. Discuta. Procure um especialista.
Dra Patrícia Oliveira – CRM 12603
Médica ginecologista e obstetra.
Doutora em Saúde da Mulher pela Fiocruz/RJ
*Winner B, Peipert JF, Zhao Q, et al. Effectiveness of Long-Acting Reversible Contraception. N Engl J Med. 2012;366:1998-2007