Apesar de ser uma discussão antiga, a relação entre o uso dos anticoncepcionais orais (ACO) e a trombose (trombose venosa profunda – TVP)continua despertando não só curiosidade no meio cientifico, mas o receio das mulheres que optam por utilizá-los.
Com a descoberta de novos fármacos, a gama de ACO disponíveis no mercado vem aumentando vertiginosamente. Por um lado, ponto positivo pras mulheres que não tinham boa adaptação às fórmulas antigas devido a náuseas, dor nas mamas, aumento de peso e sangramento fora do período esperado, por exemplo; por outro, ponto negativo para todos, já que ainda não temos dados ou conclusões suficientes sobre os efeitos adversos de algumas pílulas de lançamento muito recente.
Com esta preocupação, um grupo de pesquisadores do Reino Unido publicou uma recente revisão cientifica* onde tenta esclarecer alguns pontos importantes sobre este assunto. Nela, eles resumidamente concluem:
a) os ACO “modernos” proporcionam controle de gestação eficaz e outros benefícios extras, como o auxílio no controle da TPM, do crescimento dos pêlos, da acne, etc…
b) a TVP é evento raro mas grave; pode ser associado ao uso de ACO, mas também a outras situações, como uma gestação. Por exemplo: as taxas de TEV em não usuárias de ACO é de 4 a 5 eventos para cada 10.000 mulheres por ano, para as usuárias de de ACO de 9 a10eventos para cada 10.000 mulheres por ano, e para as gestantes de 29 eventos para cada10.000, podendo atingir 300 a 400/10.000 no período pós-parto imediato! Logo, estar grávida parece acrescentar maior risco para a ocorrência da TVP do que o uso de ACO!
c) Pesquisas demonstraram que anticoncepcionais orais com pequenas doses de estrogênio (< 35 mg de etinil-estradiol) possuem menor risco de TVP que com anticoncepcionais orais com doses maiores, embora ainda faltem estudos conclusivos.
d) Não existem estudos conclusivos sobre o componente progestínico de certos produtos mais novos, como a drospirenona presente nos “modernos” Yaz, Yasmin, Elanie Iumi. (Logo, os emails aterrorizantes enviados por pessoas maldosas ou sem conhecimento não devem ser levados a sério!)
Sendo assim, antes de suspender o uso de seu ACO e correr risco de uma gestação indesejada, converse com seu ginecologista sobre ricos e benefícios no seu caso, e, sobretudo sobre outros métodos se você tem medo ou não pode utilizar métodos hormonais.
Dra Patrícia Oliveira – CRM 12603
Médica ginecologista e obstetra.
Doutora em Saúde da Mulher pela Fiocruz/RJ
*Oral contraceptives and the risk of venous thromboembolism: an update – Journal of Obstetrics and Gynaecology Canadian; 2010;32(12):1192-7