Por muito tempo, a vitamina D foi percebida como uma “pílula mágica” que poderia ajudar no tratamento de muitas condições crônicas de saúde, como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, fraturas ósseas, declínio cognitivo e depressão.
Muitas das descobertas, no entanto, foram de estudos observacionais em que um nível sanguíneo mais alto da mesma foi associado a um risco menor para essas condições de saúde.
Sabemos, em epidemiologia, que correlação não prova causalidade, estando outros fatores envolvidos. Por exemplo, as pessoas que têm níveis sanguíneos mais altos de vitamina D podem ter dietas mais saudáveis ou podem passar mais tempo ao ar livre, sendo fisicamente ativas e expostas ao sol.
Em alguns estudos randomizados (muitos desses estudos de larga escala), apresentaram resultados inconclusivos ou nulos para as doenças estudadas a exemplo de diabetes, sendo comprovada sua ação benéfica para outras como para osteoporose.
Mas, não há necessidade de doses tão elevadas, e nem mesmo dependo de cada caso, de uma suplementação.
Por esse motivo a Academia Nacional de Medicina dos EUA e muitas outras organizações profissionais não sugerem dosar de rotina a vitamina D sem critérios clínicos, assim como também a suplementação universal.
Sabe-se que a mesma tem ação na redução nas doenças autoimunes sugerindo um papel na contenção da inflamação, e vários estudos foram feitos para verificar sua ação na redução da gravidade da COVID e da necessidade de hospitalização, sem resultados conclusivos.
Por fim, com exceção de alguns grupos de alto risco (como pacientes com fratura e osteoporose, idosos em instituição de longa permanência com pouca exposição ao sol e atividade física), pessoas com condições de má absorção como doença de Crohn, doença celíaca, e que fizeram cirurgia bariátrica, não precisam de suplementos.
A exposição solar é muito importante para se ter níveis adequados de vitamina D, bem como uma alimentação contendo fontes naturais como alguns tipos de peixes, cogumelos, e alimentos de baixo custo como o leite, enriquecidos com a própria vitamina D.
Dra. Lizanka Marinheiro, Md, PhD. Médica endocrinologista, pesquisadora e professora dos programas de pós graduação do IFF/FIOCRUZ.