A relação entre depressão, ansiedade, ideação suicida, estresse e sono em mulheres na pós-menopausa

Muitos estudos vêm mostrando as implicações dos sintomas neuropsíquicos (depressão, ansiedade, estresse, etc) para a manutenção da saúde mental da mulher durante o climatério, destacando a pós-menopausa como uma fase menopausa-relacionada que merece atenção, visto o aumento da expectativa de vida e a permanência por mais anos nesta fase da vida.

O estudo que originou a tese “A relação entre depressão, ansiedade, ideação suicida, estresse e sono em mulheres na pós-menopausa” foi do campo da epidemiologia e saúde pública e teve como objetivo verificar a prevalência, correlatos e indicadores de sintomas neuropsíquicos no climatério feminino. O estudo foi dividido em 2 etapas e teve uma Cartilha como produto. A primeira etapa tratou de um estudo de revisão narrativa e discutiu climatério e depressão, ansiedade e ideação suicida. A revisão narrativa teve como objetivo discutir estudos acerca da prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida no climatério, analisando os métodos diagnósticos utilizados e as associações mais citadas. As bases consultadas foram Pubmed, Lilacs, Web of Science, Embase e a ferramenta de busca Google Scholar. Foi possível concluir que depressão e ansiedade são desordens muito comuns e bem discutidas no meio científico, mas ideação suicida, apesar de prevalências em torno dos 12%, não tem sido suficientemente estudada. Além disso, essas desordens estão sempre associadas entre si e com outros fatores, biológicos, psicossociais e sociodemográficos. O segundo estudo foi de corte transversal. Foram estudadas 123 mulheres na pós-menopausa com idade a partir de 45 anos. Utilizou-se um questionário para coleta de dados, escalas de sintomas menopausais e neuropsíquicos. Para caracterização da amostra foram estudadas as prevalências das variáveis sociodemográficas, clínicas e neuropsíquicas. Foram analisadas correlações bivariadas e análise de redes e fluxos. Os resultados mostraram importantes correlações entre os sintomas estudados e a insônia se mostrou uma variável influente. Além disso, a combinação entre fatores de diferentes naturezas foram indicadores de possível agravo à saúde mental da mulher. Os resultados apontaram que as mulheres com sintomas neuropsíquicos mostraram maior risco para sofrimento psíquico, depressão grave e ideação suicida. Essas mulheres apresentaram prevalências elevadas de fatores que são indicadores de risco aumentado para depressão, como fatores sociodemográficos e socioeconômicos (pardas/pretas; ninho vazio; classe socioeconômica menos favorecida) e psicossociais (presença de associações fortes, positivas e significativas entre depressão e estresse e ansiedade e estresse). Da mesma forma, mostraram elevadas prevalências de fatores relacionados à “janela de vulnerabilidade” (sintomas menopausais moderados à grave; insônia; fogachos). Concluiu-se ao final dos estudos que sintomas neuropsíquicos são muito prevalentes durante o climatério e que fatores clínicos, sociodemográficos e socioeconômicos se mostraram importantes na contextualização do sofrimento psíquico durante a pós-menopausa.

Concluímos defendendo que, apesar das limitações do estudo, os resultados encontrados poderão contribuir com a literatura científica, além de viabilizarem novas pesquisas. Em relação a assistência, especialmente da mulher na pós-menopausa, recomendamos que avaliações regulares e personalizadas, permitindo diagnósticos neuropsíquicos preventivos, façam parte do acompanhamento nos ambulatórios do climatério.

 

Doutoranda: Cristina Maria Duarte Wigg

Orientadora: Dra. Lizanka Marinheiro

Equipe de Pesquisa:

Vanessa Lemos da Costa Soares

Amanda Oliveira de Carvalho

Ana Cristina da Silva

Ligia Maria Rosalino Martins