Os estudos mostram que o excesso de peso afeta cada vez mais pessoas no mundo, com um crescimento assustador entre crianças e adolescentes. Aqui no Brasil, mais de 50% estão acima do peso.
Estudo recente divulgado no New England Journal of Medicine realizado em 195 países por pesquisadores da Universidade de Washington, em Seatle (EUA), concluiu que entre 1980 e 2015, a obesidade dobrou em 72 deles.
Ao todo, 10% da população mundial está obesa: 604 milhões de adultos e 108 milhões de crianças. Se formos pensar… em sobrepeso, podemos pensar na cifra de 2,2 bilhões de pessoas, ou seja:
30% da população mundial.
Em 2015, 4 milhões de mortes foram causadas por doenças relacionadas ao excesso de peso, cuja maior causa é o consumo de alimentos ultraprocessados.
Já segundo relatório lançado pela OPAS e FAO,(Organização Pan-Americana de Saúde, Organização das Nações Unidas para Agricultura), uma das maiores causas do excesso de peso foi a mudança nos padrões de hábitos alimentares. Aumentou principalmente o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gordura, sal e açucar em detrimento dos alimentos frescos. São exemplos destes vilões, refrigerantes, sorvetes, balas, biscoitos, molhos prontos, maioneses industrializadas, carnes reconstituídas tipo hambúrgueres e embutidos, entre outros.
No Brasil, os relatórios mostraram entre 2006 e 2007, um número alarmante : 7.3% crianças menores de 5 anos já com sobrepeso.
Medidas como o retorno à uma culinária mais saudável aliada a atividade físicas, e informação sobre alimentação e saúde são medidas que podem minorar este mal.
A nutricionista da UNIFESP Maria Aparecida Zaneti , coordenadora do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, em uma de suas pesquisas mostrou que os adolescentes com 10, 11 anos já estão ficando mais obesos e com problemas de saúde decorrentes da alimentação. Já em 2010, em um estudo com 8.200 adolescentes de 43 escolas públicas e privadas do estado de São Paulo, ela encontrou 25,56% de obesidade. Nesta mesma época, a pesquisadora conduziu um estudo com 557 adolescentes na rede pública, entre 10 e 15 anos, com variáveis permitindo estudar o crescimento com base no “estágio de maturação sexual”, concluindo que os adolescentes engordaram mais que cresceram.
Atualmente está sendo concluído outro estudo da mesma pesquisadora com equipe multidisciplinar, para avaliar desvios de comportamento e distúrbios alimentares, associando por exemplo o tempo que os jovens gastam na internet e a obesidade, além da carência de micronutrientes. Este estudo da Unifesp em Santana Do Parnaíba, será transformado numa plataforma permanente para as escolas públicas da cidade, apta para capacitação de profissionais, que poderão continuidade ao trabalho.
A prevenção da obesidade deve começar na gestação inclusive, tanto para ensinar a mãe a comer, e evitar que aumente o seu peso em demasia, o que pode levar a ter complicações na gravidez, como para saber alimentar seu filho nos primeiros anos de vida.
A guerra contra obesidade precisa e depende de várias frentes para ser vencida. Medidas abrangentes precisam ser tomadas. O governo no mínimo tem que manter a população informada e coibir os abusos da indústria alimentícia, e óbvio, ter profissionais bem treinados para atender a população.
As escolas, tem que adotar práticas de alimentação saudável, não só na merenda e refeições, mas também ter na grade curricular como matéria obrigatória, princípios básicos de nutrição.
Os pais claro, e a família tem que juntos optarem por uma alimentação mais saudável que é possível.
Aos pesquisadores brasileiros e sociedades afins, sempre com recursos parcos, cabe disseminar o assunto como já o fazem, para alertar sobre os malefícios e perigos da obesidade.
Lizanka Marinheiro – Phd. Md, – Endocrinologista
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente
Fernandes Figueira
FIOCRUZ