Quando se trata de exercícios físicos, sempre vem a pergunta: qual é o melhor? Costumo dizer, aquele que você pode fazer com regularidade, periodicidade e disciplina. Hoje em dia é preconizado 150 minutos de exercício de média intensidade por semana, ou 180 minutos de exercícios leves para prevenção de doenças cardiovasculares.
A prescrição de uma dieta e estilo de vida mais saudáveis, estímulo ao não uso do tabaco e álcool, e claro, a prática regular de exercícios físicos, são mais que sabidos, e fazem parte da prescrição médica para prevenção e tratamento de doenças cardiometabólicas como diabetes e hipertensão arterial. Estas, fatores de risco para morte por infarto e acidentes vasculares cerebrais.
No entanto, nem sempre como médicos e profissionais de saúde, conseguimos sensibilizar nossos pacientes a tomarem estas medidas isoladas ou em conjunto, e medicações são necessárias.
Novas drogas são lançadas e milhares de pesquisas estão em desenvolvimento a exemplo de uma que citamos a seguir.
Feita na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a pesquisa mostrou que a prática do exercício físico de força, como a musculação, é capaz de reduzir a gordura acumulada no fígado e melhorar o controle da glicemia em indivíduos obesos e diabéticos em um curto período, mesmo antes que ocorra perda de peso significativa.
Por meio de experimentos com camundongos, pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular do Exercício (LaBMEx) da Unicamp observaram que 15 dias de treino moderado foram suficientes para modificar a expressão gênica no tecido hepático, favorecendo a “queima” da gordura armazenada no fígado, contribuindo para o tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica.
Como consequência, houve melhora na sinalização celular feita pela insulina no tecido e redução na síntese hepática de glicose.
Os resultados do estudo, foram publicados no Journal of Endocrinology.
Foi observado ao final que os animais sedentários tinham maior facilidade para acumular gordura no fígado, enquanto os submetidos ao exercício físico acumulavam menos gordura no órgão.
Ou seja, a pesquisa sugere que a musculação em humanos pode reduzir a gordura no fígado que acomete milhares de pessoas no mundo atualmente.
Segundo o pesquisador, uma importante contribuição da pesquisa foi mostrar que o exercício resistido promoveu alterações benéficas em um tecido que não sofre ação direta das contrações musculoesqueléticas.
O próximo passo dos pesquisadores será investigar como ocorre essa comunicação entre músculos e fígado. Eles tem a hipótese de que uma proteína conhecida como clusterina esteja envolvida.
Caso se comprove que o aumento nos níveis de clusterina induzido pelo exercício físico seja benéfico, os pesquisadores não descartam a hipótese de testar tratamentos com alternativas sintéticas. Mais nada mais saudável, natural e barato que estimular a prática de exercícios de força como a musculação, dentre outros.
O artigo Short-term strength training reduces gluconeogenesis and NAFLD in obese mice, de Rodrigo Martins Pereira, Kellen Cristina da Cruz Rodrigues, Chadi Pellegrini Anaruma, Marcella Ramos Sant’Ana, Thaís Dantis Pereira de Campos, Rodrigo Stellzer Gaspar, Raphael dos Santos Canciglieri, Diego Gomes de Melo, Rania A Mekary, Adelino Sanchez Ramos da Silva, Dennys Esper Cintra, Eduardo Rochete Ropelle, José Rodrigo Pauli e Leandro Pereira de Moura, pode ser lido em: https://joe.bioscientifica.com/view/journals/joe/241/1/JOE-18-0567.xml.
Lizanka Marinheiro
Endocrinologista – Md, Phd
Profa. Dra. Pós -Graduação em Medicina Aplicada à Saúde da Mulher
Insatituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira -FIOCRUZ